Livro: Alguém em meus braços Página 2

... r quieto e deixar seu único amor escapar-lhe das mãos. Molly era a razão de sua vida. Estiveram unidos desde o nascimento. A derrota feria o orgulho, o amor. Dan Michael recusava-se a aceitar um destino tão ingrato. Jamais permitiria o casamento de Molly com outro homem. Procurou expirar o ar com mais vigor e deixar-se acariciar pelo vento até que algo pudesse lhe devol¬ver a razão. O futuro da família dependia de planos precisos. E, ao pensar no berço novamente, ele se sentiu in¬vadido por determinação e força. Talvez houvesse tempo. Talvez fosse possível reverter a derrota. O casamento de Molly seria na manhã seguinte. Algumas horas seriam suficientes. De repente, o rosto masculino se iluminou. Dan Michael abriu um sorriso confiante. Sabia como agir. A vida e o destino dos Sullivan dependiam dele. Estavam em suas mãos. CAPITULO I Joana Grace estava no sexto mês de gra¬videz. Onde morava, na praça Logan, em Chicago, todos conheciam sua triste história. Desde que perdera o marido, um policial morto du¬rante o cumprimento do dever havia quatro meses, a vizinhança vigiava seus movimentos. Viúva e sem família, ela queria ser acolhida. Achava que assim podia fazer parte de algo maior. A vizinhança não lhe oferecia apoio, porém. Avizinha bisbilhoteira não a deixava em paz. Não era má pessoa, mas desconhecia o bom senso e se intrometia na vida alheia. Com dificuldade para carregar a sacola de com¬pras, Joana sentiu-se humilhada por estar sendo observada pela vizinha do outro lado da rua. En¬quanto procurava pelas chaves de casa, acenou para ela e ao mesmo tempo deu um sorriso forçado. Per¬guntava-se se a sra. O\'Bannion percebia quanto era parecida com uma personagem de teatro de bonecos, Miss Piggy. O rosto pressionado contra a janela fazia do seu nariz algo semelhante às feições do boneco. — Bom dia, sra. O’Bannion — Joana cumprimen¬tou quase sorrindo. Encarou-a de tal forma que imediatamente a vi¬zinha apan ...

ou o telefone. Na certa ia tagarelar com todo mundo, contar sobre a atitude insolente de uma gestante que andava por aí arrastando compras. Não havia dúvida de que o índice de criminalidade na vizinhança era baixo. A 14 Delegacia de Polícia estava localizada a três quadras de sua casa. Além disso, os criminosos mal teriam tempo de fazer al¬guma coisa, pois a sra. O’Bannion atrapalharia tudo, telefonando para a vizinhança inteira. Joana forçou a maçaneta, abrindo caminho para entrar. Logo conseguiu alcançar a escada. Sempre preocupada em não prejudicar o bebê, subia devagar, pois a criança significava mais do que tudo no mundo. Na verdade, era a única criatura somente sua. Car¬regar a sacola de compras com latarias, ovos e queijo, naquelas condições, era um tanto difícil. Mal enxer¬gava os degraus com aquele barrigão, mas conseguia subir lentamente. Segurou a sacola com a outra mão e agarrou firme no corrimão para se apoiar. O cabelo a incomodava. Arrependeu-se de não tê-lo prendido pela manhã. Estava ficando impaciente. Atitude típica de mulher grávida, vulnerável. Praguejou contra a sra. O’Bannion ao ouvir o ba¬rulho ruidoso provocado pela brecada do carro de polícia. Talvez tivesse sido armação dela ter cha¬mado alguém da delegacia. Joana pensou em ace¬lerar o passo, mas sua condição não permitiu. Mais alguns meses e tudo voltaria ao normal. Fez mais uma pausa antes de continuar a subir e prendeu a respiração. Virou o rosto e viu o po¬licial que acabara de estacionar a viatura. Obser¬vou, aliviada, o tenente Michael Sullivan sair do veículo. Era a único pessoa da vizinhança que se preocupava com ela. — Joana Grace! Por que está fazendo isso sozinha? — A voz grossa do tenente tinha um tom elegante. Joana não pôde evitar um sorriso de divertimento ao vê-lo aproximar-se, prestativo. Para ele, ser aten¬cioso era motivo de orgulho. Corpulento, Michael tinha um porte atraente para as mulheres observado ...

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