Livro: O vôo do Condor
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... Resumo: - Eu devia ter adivinhado que meu avô, o senhor da terra do condor, tinha escolhido para mim uma noiva medrosa como um camundongo e assexuada como um estátua de gesso. Somos recém-casados, você agora é minha propriedade e, quando a festa acabar, vou arrastá-la para o quarto, beijar seus lábios, possuir seu corpo. Você não pode me negar o êxtase que um marido tem o direito de partilhar com a esposa. - Sally queria ser amada, mas, quando olhou para don Juan de Valdívia, viu em seus olhos uma expressão tão ofensiva, que se descontrolou e, sem pensar, em lugar de carícias, deu-lhe uma sonora bofetada em pleno rosto! Obs: Existe ebook deste livro em PtPt (Esposa de segunda mão) Este livro faz parte de um projeto sem fins lucrativos. Sua distribuição é livre e sua comercialização estritamente proibida. CAPÍTULO I Com dedos trêmulos, Sally alisou a folha amassada do jornal que estava sobre a mesa. O anúncio era bem visível, com seus tipos em negrito: "Precisa-se de moça inglesa, bonita, discreta, dócil, de preferência loira, para serviço que exige dedicação integral. Oferece-se segurança e hospitalidade, inclusive a dependentes. Marcar entrevistas pelo telefone." Sally lia e relia. Não conseguia se decidir. O anúncio tinha sido motivo de alvoroço e discussão naquela tarde, no escritório. Uma das colegas o descobrira e as outras não cansaram de comentar o assunto. - Nos dias de hoje, nenhuma moça iria atrás de um golpe desses - observara uma delas. - O anunciante, seja lá quem for, deve estar louco! - Ou então é rico e arrogante o bastante para pensar que dinheiro compra certas coisas - retrucara outra. - Na minha opinião, deve ser um sheik árabe à procura de uma nova distração para seu harém! - Ou então é apenas uma brincadeira! - exclamou uma outra. - Até mesmo os sheiks árabes devem estar carecas de saber que esse tipo de moça ingênua já não existe mais, principalm ...

nte aqui em Londres! Todas haviam rido, mas uma delas, Joyce, olhara pensativa na direção de Sally e falara: - Não sei, não. Sally talvez pudesse dar conta do recado. Sally a ignorara. Estava preocupada demais para prestar atenção no que acontecia à sua volta. Afinal, não sabia como continuar pagando a creche de Wendy, cuja mensalidade ia subir de novo. Já diminuíra suas próprias refeições, estava cada vez mais magra e abatida, e o dinheiro parecia nunca dar para nada! Só voltara a dar atenção às amigas quando Paula comentara maldosamente: - Talvez você tenha razão, Joyce. Sabe, na semana passada, ouvi alguém contar que Sally aceitou o convite do conquistador-mor daqui do escritório para visitar o apartamento dele, a fim de ouvir uma coleção de discos de música clássica. Sally corara intensamente. - E por que não? Passei uma noite muito agradável e achei que o sr. Jason foi muito bondoso. - Bondoso?! - Paula mostrava surpresa. - Ora, Sally, não seja ingênua! Nem sei como você conseguiu sair inteira daquele apartamento! E tem mais: no dia seguinte, ele saiu por aí dizendo que a noitada tinha sido um fracasso, pelo menos no que lhe dizia respeito. Chegou mesmo a comentar que, pela primeira vez na vida, sentira escrúpulos em. - sorrira, maliciosa - em despertar uma beleza adormecida. - Não imagino o que ele tenha querido dizer com isso. As outras haviam começado a se afastar, rindo muito e deixando Sally intrigada, humilhada. E a situação só não ficara pior porque uma colega mais idosa aproximara-se e murmurara-lhe: - Não se aflija, Sally. Às vezes a sofisticação só serve para encobrir os defeitos de uma mulher. Talvez você seja ingênua, mas seu coração é puro. Sally agradecera, com lágrimas nos olhos, e guardara o jornal dentro da bolsa. E agora, após ler o anúncio com calma, compreendera o verdadeiro sentido daquela conversa. Tudo tornou-se humilhantemente claro: as colegas haviam insinuado q ...

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