Livro: Amor perfeito Página 3

... er a se comportar como uma verdadeira lady. Até então, entretanto, seu aprendizado se resumia a saber que tinha de ser apresentada a outras pessoas. Notou que a jovem flertava sem pudores com o homem com quem conversava. Ela riu de algo que o cavalheiro dissera, bateu os cílios e lhe ofereceu um sorriso afetado. Ele, então, pareceu bastante satisfeito. Rose concluiu que era assim que as mulheres atraíam o sexo oposto, e dispôs-se a agir do mesmo modo. Assim, levantou-se e juntou-se ao pai, que conversava com alguns cavalheiros que ela também não conhecia. Para não ser rude interrompendo-os, ficou parada ao lado do genitor, olhando para o senhor de meia-idade junto dele. Diferente de seu pai, que usava um terno gasto e já estava com a gravata frouxa, aquele homem se importava com a imagem que apresentava, pois sua indumentária tinha estilo, apesar das cores sombrias. Recordando as táticas da lady que estivera observando, Rose decidiu tentar imitá-la, apenas para ver que efeito causaria. Desse modo, com uma risadinha, bateu os cílios para o senhor. O cavalheiro ergueu as sobrancelhas um tanto grisalhas. Rose ofereceu-lhe um sorriso afetado. - Lorde Pemberton-Howe! - ele exclamou alto, assustando tanto Rose quanto o pai dela. - Esta jovem é sua filha? Pemberton-Howe se virou para Rose. E não parecia nada feliz. - Sim, Vossa Graça. - E ninguém a ensinou como se comportar em público, senhor? - Eu. - A mocinha tentou flertar comigo - acusou o duque, num tom de voz que denotava puro desgosto. - Minha filha?! - Pemberton-Howe perguntou, incrédulo. - Vossa Graça deve ter se enganado. - Está questionando minha palavra? - O duque encarou o pai de Rose, enrubescendo e falando, cada vez mais exaltado: - Talvez não tenha ciência, senhor, de minha posição social. E acentuou as palavras olhando para Pemberton-Howe com superioridade. - E talvez o senhor não devesse fazer insinuações em relação à filha dos outros. Não vou tolerar isso! ...

- A voz de Pemberton-Howe também soou forte. Naquele momento, Rose desejou poder desaparecer de cena, mas não havia para onde correr. Não. Teria de ficar ali e esperar que seu pai não se enfurecesse com ela mais tarde. Uma súbita gargalhada interrompeu o que ameaçava se transformar em uma cena feia e desagradável. Vários dos convidados que se achavam por perto atentavam para o duque e lorde Pemberton-Howe, ansiosos para saber do que se tratava a discussão. - Meu caro duque, acredito que a srta. Grace resolveu fazer uma brincadeira inocente com você - murmurou um terceiro cavalheiro, com um sorriso ainda no rosto. Rose criticou a si mesma por não ter analisado o outro dos presentes antes de tentar sua experiência com o duque. Aquele que acabara de falar era muito. mais novo, e teve o dom de tirar-lhe o fôlego no exato segundo em que o viu. Ele era uma visão e tanto. Exibia diversas correntes para relógios e uma lente de aumento penduradas numa fita vermelha em torno do pescoço. O paletó era azul-marinho e lhe caía com tanta perfeição que parecia ter sido costurado sobre seus ombros. O colete, de corte muito elegante, era vermelho-escuro, com bonitos detalhes em prateado. Porém, ainda mais notável do que as roupas era o comportamento dele. Parecia um indivíduo calmo, que falava devagar como se não tivesse uma única preocupação no mundo. Rose jamais vira alguém vestido de maneira tão ousada antes. Era como se ele tivesse criado um estilo próprio. Estudando-o com cuidado, constatou que era lindo, embora fosse um pouco difícil apreciar os detalhes fisionômicos por trás do colarinho exageradamente alto da camisa. Uma coisa era certa, de qualquer modo. Era para ele que deveria ter batido os cílios. Lamentável o fato de ter sido para o duque que olhara primeiro. - Brincadeira? O quê? Oh, sim, sim. - Lorde Pemberton-Howe enrubesceu de leve. - Esta é minha pequena Rose, sempre brincalhona. Minha filha tem bastante senso de humor. ...

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