Livro: Um anjo de mulher - Carolyn Davidson
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... Carolyn Davidson PRÓLOGO - Não há caminho algum, nas verdes terras do Senhor, por onde vocês, jovens, possam viajar sozinhos, nessas condições. Assim que o guia pronunciou as palavras fatídicas para as três pessoas que o encaravam, assombradas, o carroção desgastado pelo tempo produziu um som estranho, confirmando a previsão. - Se seu pai tivesse dado ouvidos aos conselhos, enquanto ainda era tempo, vocês teriam dois bons touros puxando a carroça, em vez desses cavalos. Talvez tivessem mais sorte. - O homenzarrão tirou o chapéu, evitando olhar para a jovem a sua frente. - Perguntei por aí, Rachel. Há muitos fiéis, em Green Rapids, que ficariam felizes em conseguir um lar para todos vocês. Tal qual uma galinha protegendo seus pintainhos sob as asas, Rachel Sinclair estendeu os braços, envolvendo os irmãos pelos ombros. - Posso cuidar de minha família - resmungou, com altivez. - Não preciso da caridade de um bando de carolas. - Você também não passa de uma criança, garota - retrucou o sr. Clemon, exasperado. Erguendo as sobrancelhas, inspecionou as carroças paradas, por detrás dela. - Rachel, você é uma boa menina. Tem conseguido contornar as dificuldades, mas a verdade é que os homens estão com pressa. Estão transportando carga e, além do mais, não posso pretender que o resto do grupo se preocupe com vocês, se as coisas se complicarem. Vamos deixá-los aqui, aos cuidados do delegado. É tudo o que podemos fazer. Os dedos de Rachel apertaram-se, procurando transmitir aos irmãos um pouco de sua determinação. - Vá em frente - disse ao homem. - Ficaremos bem. Um sinal de evidente alívio desanuviou as feições de Tom Clemon. - O delegado está a caminho. Tratem de ficar aqui, e ele providenciará o que for possível. Já falei com ele. - Afastou-se, com passos apressados. Nenhum, dos três jovens virou-se para vê-lo partir. - É mesmo verdade que ele vai nos deixar aqui, Rae? - A voz, quase um sussurro, chegou a ...

ouvido de Rachel, que inclinou a cabeça, roçando os lábios nos cabelos escuros do irmão. - Não precisamos dele, Jay - murmurou ela. - O que vamos fazer, Rae? - O queixume, agora, partia do garoto de dez anos, tão parecido com o pai, que só de olhar para ele, o coração de Rachel se confrangia. - Vamos voltar à carroça e dar o fora daqui, antes que o delegado ponha suas mãos em cima de nós, Henry - ela murmurou, com um doce sorriso, ao ver os olhos aflitos do irmão. A decisão intempestiva era semelhante às demais que tomara, nos últimos dias. Rachel Sinclair não era exatamente um poço de idéias. Mas, parada no meio da estrada poeirenta, dividida entre procurar um hotel ou uma loja, havia chegado a uma conclusão. - Por enquanto, temos comida suficiente. Vamos arranjar um barril de água e dois bons cavalos para puxar a carroça. Precisamos descobrir um jeito de ficarmos juntos. Vamos, garotos, acomodem-se. Rachel Sinclair subiu ao assento da carroça, expondo, por um instante, as pernas compridas e bem torneadas. Sua longa trança, que prendia a cabeleira negra, balançou-se, ao movimento. Os irmãos a seguiram, no exato momento em que um homem da lei surgia de seu escritório e caminhava na direção deles. Ele levantou a mão, em um gesto mudo, e abriu a boca para chamá-los. Percebendo que o três jovens, encarapitados na carroça, ignoravam seu apelo, balançou a cabeça, resignado. Ficou a observá-los partir, até que se tornaram apenas um pontinho no horizonte. CAPÍTULO I O varal de roupas balançava ao vento forte do oeste. Dele, pendiam quatro camisas de tamanho pequeno, com as mangas enfunadas, quais as velas de um veleiro. Ao lado, calças de brim resistente, uma delas um pouco maior que as outras. Seguia-se um desfile de meias escuras. Depois de um sortimento variado de roupas de baixo, havia um vestido de tirar o fôlego. - Com os diabos, se não há um bando de grileiros apossando-se de meu quintal! Falar so ...

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