Livro: Além da sedução
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... Prólogo – Sua filha se casará com meu filho –disse Althorp. Estava de pé junto à janela da sala, erguido e seguro de si mesmo, e seu olhar gélido delatava a natureza desumana que aninhava nele. Apesar de que sua figura tinha engrossado, Althorp seguia tão atrativo como aos vinte e nove anos. O corte de sua jaqueta era impecável e seu aspecto de uma vez distendido e seguro. Poucas pessoas teriam adivinhado que Althorp era objeto de brincadeira no círculo ao que sempre tinha aspirado. Vê-lo agora em sua casa, em sua vida, despertou na Lavinia Vance, a bem conhecida mulher do duque do Monmouth, o impulso de lhe arranhar esse rosto seu tão perfeito. Em troca, alisou-se o tecido de seu apertado e fino vestido de brocado. Sua pele resplandecia junto ao vermelho terre d\'Egypte e o comprido corpete emprestava a suas curvas um aspecto mais imperial que nunca. Lavinia tinha um aspecto inmejorable, mas em lugar de experimentar a habitual satisfação ante essa verdade, precaveu-se de que quão único desejava nesse momento era sentir-se tão segura de si mesmo como aparentava. A julgar pelo brilho de diversão em seu olhar, Althorp era consciente de suas emoções. aproximou-se uns passos e elevou o braço como se fora a lhe tocar a bochecha. Quando ela se apartou instintivamente para esquivá-lo, ele se limitou a sorrir e deixou repousar a mão em seu braço. Ante aquele contato, ela teve uma lembrança, o de seus próprios dedos acariciando aquela marca de nascimento de cor marrom parduzco em suas costas enquanto os dois jaziam na cama desfeita de um hotel. Naquele entoe, Althorp irradiava magnetismo, era um homem forte e atento e muito mais inteligente que a maioria dos amigos de seu marido. Tinha sido o cúmulo da injustiça que o rechaçassem só porque seu pai tinha sido comerciante. Uma baronia comprada com dinheiro do carvão, diziam, com patente desprezo, e acrescentavam que a tinta que rubricava o título ainda nem sequer estava seca ...

naquela época, doída por esses golpes, Lavinia tinha desejado lhe beijar as feridas e as sanar, sem jamais deter-se pensar na frieza com que ele utilizaria sua simpatia para controlá-la, tão dentro como fora da cama. Custava-lhe acreditar as coisas que tinha feito com ele, as coisas com as que tinha desfrutado. Com um gesto de rechaço, apartou a cabeça. Se ao menos pudesse apagar aqueles momentos dos que tanto se arrependia! O fôlego do Althorp, muito perto para evitá-lo, soprou, ligeiro, sobre seu cabelo. – Lembrança quando acolhia minhas carícias com deleite, quando fazia todo o possível por me agradar e nada te parecia suficiente. – Isso –disse ela, elevando o queixo–, foi uma perda de julgamento da que não estou nada orgulhosa. – Vamos, Lavinia. Os insultos não lhe levarão a nenhuma parte. Sabe que se nossa antiga relação se desse a conhecer você perderia mais que eu. Ela se soltou com um gesto brusco, e algo em seu interior lhe fez perguntar-se, como sempre, se sua ameaça não era um farol. Expor-se a si mesmo como adultero dificilmente faria prosperar as ambições de seu filho ou, melhor dizendo, as ambições que ele tinha para seu filho. Lavinia duvidava que Ernest fora capaz de aspirar a tanto por seus próprios méritos. Ainda assim, a dúvida seguia vigente. Lavinia não se atrevia a pôr a prova a determinação do Althorp. Dado o escasso apoio do barão entre seus pares, se o marido da Lavinia não ajudava ao Ernest a apresentar-se à Câmara dos Comuns, o mais provável era que ninguém que tivesse influência se emprestasse a isso. Se os sonhos de grandeza paterna de seu inimigo eram frustrados, acaso vacilaria ele em lhe devolver o favor? Não podia negar que, em efeito, ela perdia mais que ele. Sua posição na sociedade era a culminação de todas suas esperanças. Se se chegava ou seja a verdade, o menos que faria seu marido seria desterrá-la a Escócia. Que sua mulher tivesse uma aventura com um hom ...

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