Livro: Uma Prova de Amor - Michelle Reid Página 2

... um metro e oitenta de altura e vestia um sobretudo negro e comprido. A largura dos ombros quase emparelhava com o batente da porta. Por alguns instantes terríveis, Shannon de fato sentiu-se aturdida o bastante para se escorar na porta, enquanto ele permanecia ali, preenchendo a entrada, uma forma sombria de causar arrepios. — Luca. — Deus do céu, pensou, enquanto seus lábios pronunciavam o nome dele com um sussurro admirado. Ele não proferiu uma palavra sequer, mas imediatamente esticou uma das mãos para amparar o telefone nos seus dedos dormentes e conduziu Shannon de volta para dentro, usando o velho método de avançar alguns passos para a frente. A respiração de Shannon dava pontadas em suas costelas, o fato de não estar gritando com ele para que se afastasse era um sintoma do seu estado de paralisia — embora ainda fosse capaz de registrar que ambos se moveram sem se tocar. Como numa dança entre dois ímãs de pólos opostos, fizeram a manobra até a sala sem transgredir o espaço defensivo um do outro, até que Shannon estivesse com as costas apoiadas contra a parede, olhos arregalados e fixos em Luca, sem piscar. Ele se virou de costas e em implacável silêncio fechou a porta. O tamanho da sala subitamente encolheu até o nada, Shannon sentia-se estranha subitamente, como se também estivesse encolhendo para dentro de si mesma, num esforço para se livrar daquilo que estava sendo forçada a encarar ali. Esse homem, esse gigantesco testa-de-ferro do vasto império Salvatore. Luca Salvatore, de Florença, homem de poder e paixão inigualáveis. Ex-amante de Shannon Gilbraith, mulher de pecado e irmã da esposa do irmão de Luca. Aquele também era o homem com quem iria se casar. O homem com quem vivera como esposa por seis meses maravilhosos antes que tudo desabasse. Shannon o amara apaixonadamente; agora mal podia suportar que olhasse para ela sem sentir o coração murchar na sua presença. Vagarosamente, Luca se virou para encará-la d ...

frente, desprendendo pingos de chuva dos ombros espaçosos nesse movimento, e preenchendo o aposento confinado com o cheiro da friagem e da lã molhada. Os olhos adornados por longos cílios se voltaram um instante para Shannon, e então Luca se esquivou para apanhar a bolsa esquecida no chão. — Você esteve fora — murmurou ele secamente. Seu inglês perfeito, afinado e profundo, com o tipo de sotaque que brincava com os seus sentidos como o toque de um amante. Não entre nessa, recomendou a si mesma. — P-Paris — respondeu Shannon. Luca inclinou a cabeça morena como se ela tivesse acabado de lhe confirmar algo, apesar de não compreender bem o que seria nem que a matassem. Tremia, abalada por conflitos ambíguos, ciente de que deveria estar pensando na irmã, mas que só era capaz de pensar em Luca. Keira. Sentiu a garganta convulsionar numa onda de angústia, as palmas das mãos pressionadas contra a parede. Erguendo os olhos azuis e ansiosos até as linhas rígidas e tesas do perfil dele, Shannon cindiu os lábios para exigir que lhe contasse o que aconteceu com Keira, mas Luca falou antes. — Estamos a sós aqui? — Indagou, e assim que Shannon o encarou boquiaberta, incapaz de acreditar que ousara fazer aquela pergunta, Luca decidiu descobrir por conta própria. Passando por cima da bolsa, começou a abrir as portas. O choque foi substituído por uma consternação abrasadora quando compreendeu o que ele estava fazendo. Dois anos atrás, Luca voltou ao seu apartamento de Florença a tempo de flagrá-la na tentativa apressada de disfarçar as evidências do que andou fazendo enquanto ele estava fora do caminho. O que se seguiu foi uma horripilante demonstração do que pode acontecer quando alguém faz um Salvatore de tolo. Daquela vez, Luca a arrastou consigo de cômodo a cômodo, na medida em que checava todos os lugares possíveis onde Shannon pudesse ter escondido um amante. Agora estava preparado para levar a cabo a revista por sua pró ...

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