Livro: Vingança no paraiso Página 3

... eira que a havia trata¬do, a única coisa sensata a fazer era escapar. E rápido! No entanto, o quarto martíni parecia ter-lhe banido do espírito o bom senso; e contra toda a racionalidade murmurou com frieza: — Lea, apenas. Aquele olhar, pousando em seus lábios, a fez corar; e a expressão dos olhos escuros fez com que temesse ser desco¬berta pela voz. Sabia que os anos que havia passado em Nova York acabaram com o inegável sotaque britânico que um dia possuíra. Ainda assim, sentia medo da possibilidade de ele notar qualquer sutil familiaridade. Entretanto, ele pros-seguiu a conversa, de modo casual: — Apenas também significa mero, insignificante. E eu não diria que há alguma coisa parecida com isso em você, Lea. Com qualquer outro homem, teria rido do elogio e con¬siderado aquilo uma simples paquera. Só que ele não era qualquer outro homem, e Lea se perturbou quando sua pul-sação se acelerou como resposta. Entretanto, ele estava ape¬nas tentando arrefecer sua relutância e acrescentou, num tom mais incisivo: — O meu é Colyer. Jordan Colyer. — Como se ela não soubesse! — Posso oferecer-lhe outro drinque? Se estremecera ao ouvir aquele nome, ele nada notara, pois no momento seguinte estava olhando para o copo quase vazio que trazia nas mãos. Acho que já bebi o bastante, obrigada. — Recusou a oferta com um sorriso entre sincero e divertido. Terminou a bebida e olhou em volta, procurando um lugar para dei¬xar o copo. Estremeceu ao contato casual das mãos dele quando ele o pegou, depositando-o na bandeja de um gar¬çom que por ali passava, materializado como que por en¬canto, deixando-a numa luta interna para manter a compostura. Diga-me, Lea, é também imprudente perguntar o que está fazendo aqui? Parecia lógico que o fato de não ter-lhe dito o nome com¬pleto houvesse lhe aguçado a curiosidade, e sob o calor in¬tenso de seu olhar ela esboçou um sorriso de amarga satisfação. Oh! Chegar até ele! Feri-lo como ...

le a havia fe¬rido oito anos atrás. Quando a havia acusado injustamente de carreirista e caçadora de ouro. Mas, num tom baixo, res¬pondeu com calma: — Onde? Nesta festa ou nas Bermudas? — Ambos. Mas vamos começar pelas Bermudas. Encantada, percebeu que ele começava a perder a paciência ao deparar com uma conquista um pouco mais difícil do que esperava. Tinha certeza de que, em geral, não precisava fazer muito esforço. Um ruído de risadas e palmas desviou seu olhar para o local em que Vince e a acompanhante loira faziam os mo¬vimentos finais de uma dança diante de uma platéia ex-tasiada. — Seu namorado? — Uma olhadela sutil havia lhe mos¬trado que ela não usava aliança. Lea balançou a cabeça em sinal negativo. — Bem, é óbvio que não é seu parente de sangue. — A observação foi incisiva, olhos fixos em seus cabelos negros, em suas feições delicadas. — Portanto, só posso deduzir que estão juntos a negócio. — Que astúcia! Olhou-o impressionada, um frisson nada bem-vindo invadindo-a ao perceber a profundidade do olhar dele. Pelo que se lembrava, estava mais velho, embora não hou¬vesse engordado com os anos. Continuava tão esbelto e ele¬gante quanto sempre fora, aquele magnetismo selvagem mais exacerbado com a maturidade, a sensualidade latente de que estivera apenas meio ciente até que a atingisse com tal for¬ça que o corpo todo se agitou sob o fino tecido de suas ves¬tes. Sabia que teria sido mais sábio retirar-se, mas uma precipitação induzida pelo álcool levou-a a perguntar: — E você? Há alguma sra. Colyer por aqui? — Oito anos atrás não havia ninguém. Mas oito anos é muito tempo. — Nem de origem materna, nem nupcial — respondeu, surpreendendo-a com um sorriso. Qualquer outra mulher estaria nas nuvens àquela altura, ela pensou, desarmada pela aura masculina que lhe era tão própria. Alguém passou com uma bandeja de drinques, impelindo-o de encontro a ela, e o aroma da colônia qu ...

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