Livro: Vingança no paraiso Página 2

... A música que começou a tocar era um rock lento e sen¬sual, o que causou inquietação à garota que, com impaciên¬cia, agarrava-se ao braço de Vince. — Está bem, doçura.— Ele encolheu os ombros e lan¬çou um olhar de triunfo a Lea. — Você devia andar por aí também — recomendou com tato, num tom deliberadamente baixo, de modo que sua acompanhante não o ouvisse. — Sei que o trabalho vem em primeiro lugar e que os homens são um aspecto secundário em sua vida, mas lhe faria um bem enorme envolver-se com alguém. como aquele cara que há meia hora não consegue tirar os olhos de você. Lea ficou tensa, estranhamente embaraçada. Então Vin¬ce também o tinha notado. Pelo canto dos olhos, sentindo grande desconforto, havia percebido que alguém a observa¬va há algum tempo. E do local em que se encontrava, atra¬vés de uma enorme planta, deu uma olhada no homem moreno que se achava próximo do bar. Era alto, provavelmente o homem mais alto daquela fes¬ta, com um físico soberbo. Então, inesperadamente, ele le¬vantou os olhos, como se sentisse, no salão lotado, a apreciação silenciosa de que era alvo. Seus olhos escuros e penetrantes encontraram os dela. De repente, Lea começou a suar frio e desviou o olhar, apavorada, com um soluço de reconhecimento. “Não! Não! Não pode ser!” — Uau! Se um homem desses mostrasse o menor inte¬resse por mim, eu não saberia nem o que dizer. Tonta, Lea ouviu o comentário da jovem loira e então o sarcástico “obrigado” de Vince, antes que ele carregasse a moça dali. Ousando olhar outra vez, Lea percebeu, horro¬rizada, que o homem não apenas havia deixado o bar co¬mo se encaminhava para ela! Todos os seus instintos gritavam-lhe para sair dali corren¬do. Só não o fez pela impossibilidade de escapar sem pare¬cer uma idiota. Ainda assim, observou sua aproximação com relutante consciência da elegância que ele possuía, da aten¬ção que despertava nas mulheres com sua presenç ...

sóbria. Tinha a testa larga de intelectual, o nariz reto e maxilares bem delineados, formando um conjunto harmônico, que lhe dava um ar de arrogância e sofisticação. Temendo que ele percebesse seu pânico, Lea sentiu o co¬ração disparar. Mas ele estava sorrindo, enxergando apenas uma mulher que queria conhecer, em vez da garota que ha¬via odiado com tanta veemência oito anos atrás. — Está tão apaixonada pela festa quanto parece? — O tom divertido da voz dele aguçou-lhe os nervos. Os olhos castanhos, emoldurados por cílios longos, contemplavam-na fixamente. Sotaque canadense. Sutil. Ressonante. — Por¬ que, se estiver, considere-se em boa companhia. E como so¬mos minoria por aqui. — ele desviou os olhos para onde Vince e sua acompanhante faziam movimentos sinuosos ao som da música pulsante — .acho que deveríamos ficar jun¬tos, não concorda? Aquele olhar que lhe perscrutava o rosto tirou-lhe a fala por um instante. Prendeu a respiração à medida que as so¬brancelhas negras se uniram, e ele estudava seus cabelos es-curos e compridos, o nariz ligeiramente empinado e a boca que ela considerava grande demais. O coração bateu com mais força. Teria se lembrado dela? Quase sem fôlego, ouviu-o perguntar: — Qual é o seu nome? Não! Não se lembrou! O alívio foi tanto que Lea se en¬costou à parede, procurando apoio. Mas é claro que não a reconheceria, tentava se assegurar. Reconheceu-o porque ha¬via apenas amadurecido. Mas ela florescera. Transformara-se da adolescente que era numa mulher. Tinha até mesmo um outro nome. — Lea. Um meio sorriso curvou-lhe o canto da boca, uma boca sensual e cruel que havia se contorcido de ódio tantos anos atrás, ainda que agora parecesse apenas sarcástica. E então, com gentileza, de modo tão delicado e persuasivo que ela custava a acreditar que fosse o mesmo homem, continuou: — Lea de quê? Uma vozinha em seu interior sugeria-lhe mandá-lo para o inferno. Dizia que, depois da man ...

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