Livro: Desejos e Mentiras Página 2

... verdade, era mais um motivo para matá-la. Odiava hipócritas, e Claire não era tão inocente quanto parecia. Mulheres insistiam em confundir amor e sexo e depois culpavam os homens quando as coisas não davam certo. Ela não era melhor do que o resto. Era uma vagabunda. A mãe dela era uma vagabunda. Todas as mulheres eram vagabundas, e ele odiava cada uma delas. Carrancudo, voltou a olhar pela janela. No final das contas, estava fazendo um favor a Claire ao matá-la. Poderia salvá-la da desilusão que sentiria ao descobrir como a vida funciona. Era melhor que morresse com dignidade, antes que a realidade destruísse os seus sonhos. Viu Kaplan servir duas taças de champanhe e oferecer uma delas para Claire. Eles brindaram. Kaplan esperou que ela tomasse um gole da bebida, tirou a taça de sua mão e a colocou na pedra da lareira. Com as mãos livres, ele começou a desabotoar o agasalho dela. Desajeitado, lembrou-se de beijá-la. O espreitador riu desdenhosamente. As técnicas de sedução de Kaplan obviamente não incluíam preliminares demoradas. Entediado com a falta de imaginação de Kaplan e a inexperiência desajeitada de Claire, ele acendeu um cigarro. Na sua opinião, sexo sem o tempero de um pouco de sadomasoquismo não valia a pena. Mas cada um na sua. Ele não dava a mínima para o que a excitava. Seria mais fácil começar o fogo se os dois estivessem entretidos pela luxúria adolescente. Fora por isso que esperara. Com sorte, o gás carbônico do incêndio daria cabo deles antes que sentissem o cheiro de fumaça ou notassem as chamas. O homem apagou o cigarro e olhou para as árvores cobertas de neve. Não havia dúvida, Vermont era um belo lugar para se morrer. Claire deitou-se nas almofadas no chão e tentou se deixar levar pela paixão. Infelizmente, tudo que sentia era tensão e infelicidade. Jon estava sobre ela e era pesado. Pior ainda, ele tirara a camiseta e o agasalho dela e seus braços estavam arrepiados de frio. Nem o champanhe ne ...

o fogo conseguiam aquecê-la. Tinha a sensação de que alguém os estava observando. Deve ser a vergonha, pensou. A idéia de fazer amor com Jon parecia mais interessante quando estava na escola do que agora. Ela mexeu os quadris, tentando achar uma posição melhor, e Jon soltou uma exclamação de prazer: — Isso, querida! Isso! Faz mais. Não tinha certeza de como o excitara, mas já lera bastante revistas e já vira filmes o suficiente para saber que ele estava gostando. A julgar pelos gemidos e pela forma como suava, Jon devia estar próximo de atingir o clímax. Por outro lado, Claire estava se sentindo cada vez mais desconfortável. Não conseguia se livrar da sensação de que estava sendo observada. Imaginou se o sexo ficava melhor com a prática. Naquele exato instante, apesar do que as amigas falavam sobre as maravilhas do sexo, uma vida celibatária estava parecendo muito atraente. O fogo produzia efeitos de luz e sombras muito interessantes no teto. Claire tinha um trabalho de língua francesa para entregar na terça de manhã e planejou mentalmente sua redação sobre romancistas franceses do século XIX, enquanto as mãos de Jon acariciavam seus cabelos e os lábios passeavam pelos seus ombros e pescoço. De repente, a boca do rapaz cobriu a dela num beijo fervoroso. Ela se sentiu sufocada, quase claustrofóbica. — Pare! — pediu, empurrando-o. — Não consigo respirar! Jon não gostou muito da interrupção, mas deu-lhe a chance de respirar um pouco antes de empurrá-la contra as almofadas, beijando-a novamente. Era para isso que ela viera, Claire se lembrou. Não iria crescer para ser frígida como a mãe, presa num casamento desastroso. Aprenderia a gostar do sexo, como uma mulher normal, ou morreria tentando. Concentrando-se, Claire tentou corresponder aos beijos de Jon com igual entusiasmo, mas a sensação de não conseguir respirar estava ficando pior, e tudo o que realmente queria era afastar-se dele. Claire percebeu que estav ...

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