Livro: Anjo ou demônio - Elizabeth Graham Página 3

... — Claro que está, Kelly. Já ouvi muitas fofocas a respeito dele e de Vanessa Walsh. Sabe quem ela é, não? — Sei, sim. — Várias vezes Kelly tinha lido a respeito da lindíssima e charmosa Vanessa Walsh nos jornais de Vancouver. A mulher tinha menos de trinta anos e já estava com um segundo marido. Apesar de muito atraente, representava tudo aquilo que Kelly desprezava. — Mas por que insiste em publicar alguma coisa sobre Mitch Gardner? Tem tantas outras pessoas interessantes e que estão loucas por um pouco de publicidade. Por que perseguir um que já foi bem claro ao dizer que não quer dar entrevistas? — Mas é esse exatamente o ponto mais importante, Kelly. Já reparou como o público se interessa justamente por essas figuras inacessíveis? É por isso que obtive sucesso na revista, minha cara. Sou persistente e não abandono meus objetivos. — Sinceramente, Dirk, preferia um milhão de vezes não ter que ir para lá e fazer isso. — Será por pouco tempo, Kelly. Talvez uma semana, no máximo duas. Vou providenciar algum material sobre o qual possa trabalhar lá. Sem dar chance de Kelly recusar, Dirk saiu do apartamento. Kelly levou a louça suja para a cozinha e, enquanto punha tudo em ordem, fez um balanço de sua amizade com Dirk. Que tipo de relacionamento existia entre eles? O que ela significava na vida do rapaz? E ele na dela? Depois de apagar as luzes, foi deitar pensando que achava Dirk. um homem charmoso. Talvez por isso e também pelo fato de ele, um diretor de uma revista de renome, ter mostrado interesse por ela, tivesse ficado tão envaidecida com as atenções recebidas. Ou teria aceito a amizade dele apenas por se sentir solitária numa cidade grande? No dia seguinte, encostada no gradil do barco que a levava à ilha Harbour, Kelly ainda não tinha encontrado uma resposta para suas perguntas. Mas, no momento, não pensava nisso. Pensaria nos quadros que pintaria e que, realmente, eram a fonte de sua maior alegria. Já tin ...

a vendido vários deles antes mesmo de deixar de morar na ilha. — Kelly, como vai? Virou espantada, mas seus lábios se abriram num sorriso ao reconhecer Doug Brody, um velho amigo de infância, de quem tinha sido colega na escola e por quem sentira uma paixonite infantil. Doug trabalhava agora como membro da tripulação do serviço de barcos que servia a ilha. — Estou bem, Doug. E você? — Ainda não consegui o comando do barco, mas acho que agora falta pouco. — Fico contente com isso. Vou para a ilha para tomar conta de tia Adele, que sofreu um acidente. Soube do caso? — Soube sim, mas tenho certeza de que não será um tornozelo quebrado que conseguirá prender a sita. Osborne numa cama! Doug tinha razão, Kelly pensou ao vê-lo afastar-se para cuidar de seus afazeres. Tia Adele era dona de uma vontade férrea, o tipo da inglesa decidida, filha de um coronel que fez carreira na Índia e resolveu viver nas ilhas do Pacífico, depois de aposentado. Será que Adele teria se casado, se as circunstâncias de sua vida fossem diferentes? Quando o pai se estabeleceu na ilha, pensava em formar uma fazenda e, para isso, comprou uma vasta extensão de terra. Infelizmente sua idéia não deu certo e logo após a morte da esposa dele, foi Adele quem tomou conta do pai e da irmã menor, até que um morresse e a outra se casasse. Pobre tia Adele! Será que ela havia se apaixonado algum dia? Talvez nem tivesse tempo para amar! Lutou desesperadamente para conservar as terras do pai, mas foi obrigada a ir vendendo pequenas porções, até que a outrora vasta fazenda se reduziu a dez alqueires. Ainda era uma terra boa e bem localizada, mas uma pequena parte dela, dois alqueires, ficava numa ponta rochosa que descia para o oceano. Esse pequeno promontório era o lugar predileto de Kelly. Era para lá que ia quando estava aborrecida, quando queria pensar e, naturalmente, quando sentia-se inspirada para pintar. Seus melhores quadros foram executados ali, no pico ...

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