Livro: Motivos Ocultos Página 2

... ireito à cozinha, com tanta desenvoltura como se estivesse na sua própria casa, e tirou dois pratos do armário. Tess ficou atrás dele, indecisa, enquanto Craig dividia a comida. Depois, virou-se para olhar para ela e deu-se conta de que estava pálida e tinha olheiras. Perguntou-se se as lembranças da sua noite de paixão a teriam impedido de dormir e a ideia produziu-lhe uma grande satisfação. - Vamos comer - disse Craig, levando os pratos para a mesa. Tess sentou-se à frente dele e olhou para a comida com receio. Ele franziu o sobrolho e começou a comer. Passaram vários minutos em silêncio, durante os quais ele comeu e ela brincou com o garfo. Craig olhou para ela e deu-se conta de que já não estava pálida, estava a ficar verde. - Tess. Antes que pudesse continuar a falar, ela levantou-se da cadeira e correu pelo corredor. Ouviu a porta da casa de banho bater com força e, depois, o som inconfundível de vómitos. Afastou o seu próprio prato, também sentia o estômago um pouco revolto. Talvez Tess estivesse com gripe. Ou talvez houvesse outra explicação. Talvez estivesse grávida. Tess Lucas olhou para a caixa de cartão que Craig tinha nas mãos e corou. Na noite anterior, apresentara-se na sua casa com o jantar. E, naquela manhã, aparecia com um teste de gravidez. Ela fechou os olhos, como se isso fosse fazer com que a caixa e a possibilidade de que estivesse grávida desaparecessem. Andava há várias semanas a sentir-se cansada e com vontade de vomitar, mas assumira que era algum vírus. E a dor dos seios indicava que o período estava a chegar. Porque chegaria, a qualquer momento. Então, não teria de se preocupar com as possíveis repercussões de não ter utilizado nenhuma protecção. Infelizmente, quando voltou a abrir os olhos, a caixa e Craig continuavam ali. Tirou a embalagem da sua mão e foi para a sala, onde a deixou na mesa de apoio, antes de se sentar na sua poltrona preferida. Craig seguiu-a até lá, mas ficou de pé. - Não ...

ra o que esperava que fizesses com ele disse, secamente. - O que esperavas? - Que tivesses tanta vontade como eu de saber a verdade. - A verdade é que tive uma semana muito dura e não tenho a energia necessária para tirar certas conclusões. - Eu ainda não estou a tirar conclusões - respondeu ele, com paciência. Craig era sempre paciente e razoável, tranquilo e imperturbável. Esse era um dos motivos pelos quais era o presidente da Richmond Pharmaceuticals, a empresa farmacêutica familiar que, um-dia, seria sua. Tess não conseguia sequer pensar que estava grávida. Queria ter filhos, um dia. Mas ainda não, nem daquele modo. Voltou a sentir enjoos e respirou fundo, tentando controlá-los. - Por favor, Tess, faz o teste! - Porque estás a fazer-me isto? - Porque acho que é melhor descobrir a verdade do que ficar sentado a pensar nisto. - Pois, eu não! - replicou ela. Era-lhe indiferente que aquilo não tivesse sentido. Não queria saber a verdade. Não queria pensar em como um filho poderia mudar-lhe a vida. - Tens de saber. Para considerarmos as diferentes opções. - Tenho vinte e nove anos, sei quais são as minhas opções. E, se estiver grávida, terei o bebé. Craig aproximou-se da mesa e agarrou no teste de gravidez. - Então, porque não fazes o teste? Por muito que odiasse admiti-lo, Tess sabia que o seu amigo tinha razão. Como quase sempre. Agarrou na caixa e foi para a casa de banho. O coração pulsava-lhe com força, a cabeça andava-lhe às voltas e tinha vontade de vomitar. Outra vez. Fechou a porta e abriu a caixa, com mãos trémulas. Lá dentro, havia um folheto com as instruções e um dispositivo de plástico. Parecia inofensivo, incapaz de lhe mudar a vida. E era. A sua vida ou, pelo menos, a sua relação com Craig, mudara devido aos seus próprios actos. A atracção existira desde o início, pelo menos da sua parte. Fora uma adolescente tímida e apaixonara-se, perdidamente, por ele desde o início. Mas guardara aquele sentimento ...

Comentários:

Deixe aqui seu comentário sobre este livro: