Livro: Mulher de gelo Página 2

... ngo termo, dando-lhe a direção absoluta da fazenda. Ray preparara-se mentalmente para enfrentar a hostilidade que a decisão de Martin provocaria. Contudo, Trevor Cochran não parecera perturbar-se com o rumo dos acontecimentos. Apesar de ele desempenhar um papel ativo nos trabalhos e de morar com a esposa na mesma casa que o sogro, parecia até contente de que outro homem fosse o responsável por tudo. No entanto, Raymond percebera que Trevor era muito ambicioso e não conseguia entendê-lo. Não sabia como alguém podia fazer parte de uma realização daquele gabarito e não aceitar agressivamente ao desafio de tocar tudo aquilo em frente, em busca do sucesso. Havia um outro fator a ser considerado. Apesar do porte atlético, Cochran era um homem delicado. Não tinha envergadura para enfrentar os esforços físicos que aquele tipo de trabalho exigia. O desempenho dele, achava Ray, limitava-se ao quarto. com estampa atraente, moreno, forte, provavelmente ele tinha muito a fazer nesse campo, se é que eram verdadeiros os boatos que corriam. Puxando a cortina de brocado verde para um lado, o olhar de Ray pôde estender-se pela fileira de pinheiros. Soaram passos no hall, seguidos de outros mais fortes. Largou a cortina e voltou-se, em expectativa. - Sally, por favor. - Era a voz de Trevor Cochran, vinda da sala ao lado, Ray suspirou, impaciente, vendo que teria de esperar mais por Martin Alexander. - Minha mulher está com algum problema? Ela não desceu para o café. - Lara. a sra. Cochran. - corrigiu-se a governanta, rapidamente - tomou café no quarto dela, há uma hora. ”No quarto dela.” Uma das sobrancelhas de Ray ergueu-se cinicamente, enquanto ele sorria, divertido. Aquilo vinha confirmar o primeiro mexerico que ouvira ao chegar de que Trevor Cochran gastava mais tempo com outras mulheres do que com a dele. - Mas ela ainda não desceu. - disse Trevor Cochran, ainda no hall. - Tem certeza? - Está procurando por mim, Trevor? - Uma outra voz de mu ...

her ressoou no amplo hall. Era uma voz firme, fria e contida, se bem que macia e levemente grave. Um clarão passou pelos olhos de Ray, enquanto os fixava no grande espelho lapidado da sala. Do ângulo em que se encontrava, o espelho refletia boa parte do hall, inclusive o final da larga escadaria, onde Lara Alexander Cochran tinha parado. Enquanto a observava, Ray sentiu o pulso acelerar-se. Lara estava com um conjunto de tweed em dourado e marrom, que revelava um par de pernas muito bem feitas. Apesar da espessura, o tecido modelava o contorno das coxas e dos quadris. O corte bem feito do casaquinho sugeria a cintura esguia e a firmeza macia dos seios que Ray sabia caberem no côncavo de suas grandes mãos. Se as perturbadoras e femininas linhas do corpo não fossem o bastante para atrair a atenção de um homem, Ray sabia que a combinação dos cabelos dourados, brilhantes, com os grandes olhos verdes seria. Para completar, Lara Cochran tinha um rosto que combinava com tudo o mais: contorno firme, mas delicado, com nariz clássico e lábio inferior sensualmente cheio. A governanta saiu discretamente do hall. Ray não sentiu a menor vergonha de estar observando às escondidas. - Sim, eu estava procurando você - respondeu Trevor. - Bati na porta de seu quarto, mas você não respondeu. ”Bati na porta do seu quarto.” De novo os lábios de Ray entreabriram-se num sorriso frio, divertido. Aquele casamento estava assumindo a aparência de uma novela antiga. - Eu devia estar tomando banho e não ouvi. - Lara sacudiu os ombros de maneira eloqüente e desceu os últimos degraus. - vou sair. O que você queria? Suas feições de mármore estavam completamente despidas de expressão quando olhou para o rosto do marido. Ray observou mais atentamente o reflexo. Sim, a palavra certa era mesmo ”mármore”. A profunda e clássica beleza daquele rosto parecia esculpida nessa dura e branca pedra, com toda e qualquer imperfeição lixada, alisada de tal modo que ...

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