Livro: A Missão de Allan Kardec Página 4
Autor - Fonte: Carlos Imbassy
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Arte, a Filosofia e a Política foram de uma ousadia que ainda causam admiração aos séculos que se seguiram.
Dir-se-iam os precursores do Cristianismo e as suas idéias se ajustam às que nos trazem os Espíritos, hoje englobadas na obra imorredoura de Allan Kardec.
Foram eles: Sócrates e Platão. Sócrates deixa a Platão a sua fi-losofia:
“O homem é uma alma encarnada. Existe antes de tomar um corpo na Terra, à qual deseja voltar. Não é no corpo, porém, que encontramos a verdade; nele estamos sempre cheios de desejos, apetites, temores, ambições, quimeras, frivolidades.
A alma impura vive presa ao mundo e persevera no mal. São longos e numerosos os períodos da vida. Só os bons podem esperar tranqüilamente a passagem deste a outro plano, ou seja, a passagem da morte. A maior infelicidade é conservar a alma cheia de pecados.
Mais vale receber uma injúria que cometê-la. Devemos ser homens de bem. O bem é que eleva o homem. Não se deve fazer mal algum por muito mal que nos façam.
A árvore se conhece pelo fruto.”
Como o Cristo, já Sócrates falava no perigo das riquezas.
“Pouco valem as preces – ensinava ele – se a alma não é virtuosa. E não é virtuoso aquele que prefere os prazeres do corpo às belezas da alma. É o amor que ornamenta a natureza e é o amor que dá paz aos homens. O amor e a dor contribuem para o progresso.
Costumamos ver os erros alheios, esquecendo os nossos. E o homem, na sua existência, espalha mais o mal que o bem.
Será sábio não supor saber o que não sabe.”
A vida de Sócrates foi um apostolado. “Conhece-te a ti mesmo” – aconselhava sempre. É o nosce te ipsum de que os romanos fizeram uma divisa. “É preciso conhecer – dizia ele –. O conheci-mento nos leva ao caminho da verdade.”
Conhecemos a vida e os ensinos de Sócrates pelos Diálogos de Platão e Xenofonte. Viveu ensinando e morreu pelos seus ensinos. Foi vítima da ignorância e da maldade humana. Os fanáticos não pod
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riam compreendê-lo, como, ainda hoje, muitos não compreendem os princípios de lógica nem a lógica dos princípios que os Arautos do Senhor nos trazem.
Teve a sorte de quase todos os que se destacam da craveira comum e procuram, no bem, pelo bem e nos ensinos do bem, a felicidade de seus semelhantes.
Fizeram-no morrer. Mas aplainou, com seu trabalho, seu esforço, suas penas e seu sangue, o caminho que estamos palmilhando.
Finalmente o Cristo. Este legou à humanidade um Evangelho de paz, de harmonia, de perdão, de amor. Sua maior máxima era um resumo de toda a sua pregação messiânica: “Amai-vos uns aos outros”.
E para Ele os apodos, o opróbrio, o flagício, o açoite, os espi-nhos, a cruz.
A imperiosa necessidade do advento espiritual
A palavra de Deus estava esquecida, se é que se tornou lembrada alguma vez. Foi quando chegou a época em que era preciso abalar a consciência humana por meios persuasivos, pela força da prova.
A Ciência tinha aberto profundos sulcos nos espíritos e por esses sulcos a fé, sem base segura, sem lógica esclarecedora, se ia escoando, e deixava secos esses veios por onde antes corria a seiva da crença.
Apresentava-se diante da psicologia o quadro do nosso Nordeste, quando sobrevêm as grandes estiagens. Rios, mais ou menos caudalosos, que com suas águas fertilizantes regavam grandes tratos de terra, que banhavam as cidades, que levavam a vida a toda parte, agora se mostram com seus leitos vazios, exangues, nus, dando àquela região o mais terrível aspecto da desolação e da miséria.
Assim seria o espírito quando dele retirassem a idéia de Deus, idéia que é a linfa vivificante, e que o progresso científico faria certamente estiolar, se a Providência não nos socorresse imedia-tamente com o remédio salvador.
Mas aquela idéia ia empalidecendo à proporção que os processos de investigação iam ganhando vulto. A Ciência estabelecia leis para os fenômenos. O Universo aparecia-nos com o seu me ...
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