Livro: Crime e Paixão Página 2

... ado de Meagan se levantava. – Meritíssimo, minha cliente não pode confessar algo de que não é culpada. Ninguém, nem mesmo Meagan, viu a sra. Daniels despencar para a morte. Não pode condenar uma mulher à forca por algo de que até o júri duvida ter sido feito intencionalmente. – Pois eu não tenho dúvida de que ela fez! – A voz de Ruth Somers ecoou pela sala de aula. – Eu a vi de pé junto ao corpo de pobre Lily. Vi com meus próprios olhos! O baque do martelo sobrepôs-se ao som das vozes. – Silêncio, todos! Deixem-me pensar. Recostado na cadeira, o juiz Osbome fez uma carranca para a sala lotada. A moça não merecia morrer. Aparentemente, seu único crime fora entrar em pânico. Era bem provável que as senhoras tivessem chegado inesperadamente e flagrado Meagan furtando. Na pressa de fugir, ela empurrara a frágil Lily ao tentar ultrapassá-la para descer a escada. Se Meagan Reilly já morasse em Banebridge há mais tempo, a história seria totalmente diferente. Só que ela chegara havia poucas semanas, com poucas recomendações além das boas maneiras, um temperamento alegre, uma educação razoável e a vontade de trabalhar. O juiz Osborne suspirou. Não era um homem muito brilhante, porém orgulhava-se de ser justo, e não considerava justo condenar aquela moça à morte. Infelizmente, não conseguia pensar numa alternativa satisfatória. Justiça era tudo, conforme estava escrito na tampa do relógio, e era justiça que ele jurara fazer. Olho por dente. Vida por vida. Seu olhar caiu sobre a cabeça baixa do marido recém-viúvo. Seria mesmo difícil para ele cuidar da fazenda e da família sem a ajuda de uma mulher, e as mulheres por ali eram poucas e esparsas. A menina fora mandada para o Leste, hospedando-se com parentes durante o julgamento, mas o pai logo a quereria de volta. Josh Daniels precisava de uma empregada. O juiz Osborne levantou a cabeça e a sala caiu em silêncio como se ele tivesse batido o martelo. – Após c ...

nsiderar a recomendação do júri, bem como os argumentos dos dois advogados, tomei uma decisão. – Fez pausa de efeito, satisfeito ao ver que a ré já se recuperara o bastante para ouvir. – Considerado culpado de homicídio e tendo o júri lhe recomendado misericórdia, um homem seria condenado à prisão perpétua. Entretanto, não temos presídios femininos nas Carolinas. Portanto, condeno Meagan Anne Reilly a cumprir sua sentença trabalhando para Josh Daniels e sua família da maneira que estes acharem mais adequada. Ela vai trabalhar sem remuneração, a não ser cama, comida e o mínimo de roupas necessário. – Mas isso parece escravidão! – opinou uma das mulheres, indignada. – Não pode mandar uma moça morar com um homem sozinho! – protestou o advogado de Meagan. – É imoral! – Posso e vou! – berrou o juiz. – Não consigo imaginar um homem tendo relações sexuais com a mulher que matou sua esposa, contudo, se Meagan Reilly conseguir seduzir Josh Daniels num esforço para aliviar sua pena, serei obrigado a reverter à condenação de força prescrita, com o sr. Daniels alvo de desprezo por parte da corte. Com isso, o martelo desceu novamente, o juiz afastou a cadeira da escrivaninha do professor e sorriu satisfeito. Sim, senhor, repetira a façanha, regozijava-se o juiz Harvey Osborne. Josh Daniels agora contava com uma ajudante que trabalharia a seu lado a vida toda sem receber um centavo, ao passo que Meagan Reilly não enfrentaria a forca. Ainda se vangloriava ao deixar a sala de julgamento, alheiro ao choque, incredulidade e hostilidade nos rostos do homem e da mulher mais afetados por sua decisão. Josh Daniels bateu o punho cerrado na mesa com tanta força que os quadros tremeram nas paredes da escola. – Eu me recuso a admitir aquela mulher em minha casa! – Prefere que a moça seja enforcada? – questionou Will Carmichael, que servira como advogado de Meagan, apesar de sua amizade estreita com Josh. – Não, não ...

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