Livro: Noiva por encomenda Página 2

... a à sua saia, forçou-se a depositar, com dedos trêmulos, os cinco dólares e trinta e sete centavos restantes, no saco. — Muito bem — o ladrão murmurou, apontando a arma para Tom. — Ponha todo o dinheiro do caixa aqui, rapaz. Obedeça e não sofrerá nenhum mal. Anna recuou um passo, aflita para tirar a filha de perto daquele revólver. — Devagar — o homem advertiu em tom de riso contido. Ela estudou o chapéu de abas empoeiradas, o lenço suado, a boa qualidade das roupas do ladrão. Seus olhos fixaram-se nos dele, muito azuis. Por um breve instante, foi tomada pela impressão de que fitava os olhos do homem, com quem quase se casara. Desistira da idéia porque ele não gostava de crianças, e ela queria uma família numerosa. Queria que Mandy tivesse irmãos e irmãs com quem pudesse brincar. — Quero a bolsa, também. Lamentando o fato de ser aquela a sua melhor bolsa, Anna desamarrou o cordão que a prendia ao seu pulso. Não havia nada dentro dela, exceto um pente, alguns grampos de cabelo e a presilha favorita de Mandy. Tom esvaziou a gaveta do caixa e depositou o dinheiro no saco de pano. Anna fez o mesmo com a bolsa, antes de voltar a proteger a filha com as mãos. Não a agradava o fato de um homem armado estar tão perto de Mandy. O ladrão observou-a, para então observar a todos os demais. Anna ouviu o tique-taque do relógio de parede, o ruído da corrente do relógio de bolso do velho sr. Fletcher, também na fila. — Depressa — o sujeito ameaçou Tom e, ao mudar de passo, sua bota produziu um estalo. Anna voltou a sentir um arrepio na espinha. Baixou os olhos e examinou as botas engraxadas, uma delas arranhada no bico, pois ele havia tropeçado no degrau solto da varanda da casa da irmã dela. O homem escondido atrás do lenço, empunhando dois revólveres, com olhos azuis e voz familiar, era nada mais nada menos que Dalton Jennings. Anna prendeu a respiração. Tinha de estar enganada. Dalton era o xerife, um líder da co ...

unidade. Um ruído metálico no balcão interrompeu-lhe os pensamentos. Dalton apanhou o saco de pano e pôs-se a percorrer a fila, recolhendo bolsas, carteiras e relógios. Também forçou uma velha viúva a entregar-lhe a aliança de casamento. Anna jamais sentira tanto medo antes. O assaltante era mesmo Dalton. Ela reconhecia o andar, ligeiramente manco da perna esquerda, em conseqüência de um grave ferimento no joelho. — Contem até cem, antes de sair — ordenou o segundo ladrão, que se juntou a ele, carregando dois imensos sacos, cheios de dinheiro. — Um de meus homens está escondido, do outro lado da rua, a fim de se certificar de que todos aqui sabem contar. Anna tentou pensar no que fazer, mas o ladrão fixou os olhos nos dela. Foi como se uma corrente elétrica percorresse a distância que os separava, e Dalton estreitou os olhos. Teria percebido que fora reconhecido? Apavorada, ela se sentiu como um pequeno animal indefeso, na mira do caçador. Então, Jennings se foi com o dinheiro. Assim que a porta se fechou atrás dos ladrões, Tom e o dono do banco apressaram-se em verificar se seus clientes estavam bem. Mandy começou a chorar, e Anna tomou-a nos braços, considerando o que fazer. Sem dúvida, Dalton estaria de volta, usando o colete preto, com o distintivo de xerife, calçando as botas engraxadas, com um arranhão no bico da esquerda. Como ela poderia encará-lo, quando ele voltasse no papel de xerife? Apertou a filha contra si. Felizmente, seu dinheiro continuava intacto, escondido na luva. Os homens que vinham assaltando bancos e diligências, na região de Ruby Range, haviam matado antes, pois não deixavam para trás pessoas que pudessem identificá-los, fossem homens, mulheres ou crianças. O que Dalton faria com ela? Tinha de ir para casa e tomar uma decisão rápida. CAPÍTULO I — Está sacudindo, mamãe. — Eu sei, querida. — Anna sentiu um aperto no peito ao deparar com a exaustão no semblante filha. — O co ...

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