Livro: Baile de Máscaras Página 3

... portante dera certo. —Tudo bem — disse sua vizinha. — Leo ficará bem comigo. — Carys sabia que Sarah tinha razão, mas isso não a impedia de se sentir culpada. Quando ela aceitara o emprego no Hotel Landford, fora na esperança de que voltaria para casa num horário razoável para cuidar do filho. Não queria que Leo crescesse acostumado à ausência de uma mãe muito ocupada com sua carreira para lhe dar atenção. Não queria que ele tivesse o tipo de lar que ela tivera quando criança. Além disso, ela era tudo que ele possuía. Carys se sentiu angustiada. Mesmo depois de tanto tempo, não conseguia evitar a tristeza e a falta que sentia toda vez que se lembrava. Precisava ser mais forte. Uma vez ela tentara alcançar seu sonho, mas deixara de ser tola e não acreditava mais nele. Não depois de aprender tão cruelmente o quanto ele fora vazio. — Carys? O que foi? — Nada — Ela tentou disfarçar. — Fico lhe devendo. — Claro. Você pode servir de babá no fim de semana. Se você cuidar de Ashleigh, podemos passar a noite na cidade. — Combinado. — Carys olhou para relógio. Precisava voltar antes que se desencadeasse outra crise. — Não se esqueça de dar a Leo um beijo de boa noite por mim. — Era uma bobagem se sentir culpada por não servir o jantar do filho e por não lhe dar um beijo antes de dormir. Ele estava em boas mãos, e ela tinha sorte por ter arranjado um emprego que, em geral, lhe dava tempo para estar com ele. Aquele dia fora uma exceção. A gripe atacara a equipe do Landford no pior momento. Mais de um terço dos funcionários estava doente, justo quando havia uma série de eventos programados. Não fazia diferença se ela trabalhara o dia inteiro. A última baixa se dera há uma hora, quando o gerente de eventos, David, fora acometido por uma febre alta, e ela deveria substituí-lo. Carys estava ansiosa. Era a chance de mostrar seu trabalho e de justificar a confiança que David demonstrara ao contratá-la, apesar ...

de sua falta de qualificações para o cargo. Ele fora um bom amigo e um excelente mentor. Ela lhe devia não apenas o emprego, mas também a autoconfiança que adquirira aos poucos, desde que chegara a Melbourne. — Eu não sei a que horas vou voltar, Sarah. Provavelmente, de madrugada. — Carys se recusava a pensar em como voltaria para casa. Aquela hora, não poderia confiar no transporte público e um táxi sairia muito caro. — Se você concordar, vejo vocês no café da manhã. — Tudo bem, Carys. Não se apresse. Carys desligou e esticou as costas. Ficara tanto tempo diante do computador e ao telefone que seu corpo doía. Ela olhou para a tela do monitor, viu as colunas da tabela se misturarem, e franziu o nariz. Por mais que se concentrasse, desempenhar aquela tarefa seria um teste de resistência e de determinação. Ela suspirou, pegou os óculos e recomeçou o trabalho. Só depois que terminasse, poderia se dedicar aos últimos detalhes do baile de máscaras daquela noite. Carys estava no canto do salão de baile, perto da porta da cozinha, e ouvia o maître dar as últimas instruções aos garçons. O lugar estava uma confusão, depois que os funcionários haviam sido atingidos pela gripe. Dois garçons da equipe de reserva haviam chegado para substituir os que faltaram, e os chefs mal davam conta do trabalho. Felizmente, os hóspedes nada haviam notado. O Landford se orgulhava de proporcionar um serviço excelente, e a equipe se esforçava para corresponder à sua reputação. O elegante salão de baile estava cheio de convidados sofisticados e extremamente bem-vestidos, como se esperava num evento da Semana da Moda. O ambiente recendia a perfumes caros, flores de estufa e muito dinheiro. Celebridades, designers, compradores, a nata da sociedade australiana, assim como alguns que haviam vindo do exterior. E ela era responsável por todos. O pulso de Carys acelerou e ela tentou prestar atenção na conversa do seu colega. Precisava se con ...

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