Livro: As Jóias do Sol Página 3
Autor - Fonte: Nora Roberts
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sso de um ataque de choro. Sentiu um nó na garganta. Antes que a primeira lágrima pudesse cair, inclinou a cabeça para trás, fechou os olhos, apertou-os com força e censurou-se. Ataques de choro, explosões de raiva, sarcasmo e outros comportamentos rudes eram apenas maneiras diferentes de libertar tudo cá para fora. Ela fora formada para compreender, instruída para reconhecer. E não se entregaria àquele ataque de choro.
- Para a fase seguinte, Jude, sua idiota patética. A falares sozinha, a chorares em Volvos, indecisa demais, tão paralisada, que não consegues virar a chave na ignição e seguir em frente.
Suspirou novamente. Endireitou os ombros.
- Segunda opção - murmurou. - Terminas o que começaste. Jude virou a chave e, fazendo uma pequena oração para não matar nem aleijar ninguém - incluindo ela própria - durante a viagem, deixou o estacionamento.
Ela cantava, em grande parte para não gritar, cada vez que se deparava com um dos círculos na estrada que os irlandeses chamavam alegremente de rotunda. O seu cérebro chiava; era incapaz de reconhecer esquerda e direita, imaginava o Volvo a atropelar meia dúzia de peões inocentes e punha-se a entoar, apavorada, qualquer melodia que lhe aflorasse à mente.
Na estrada para o sul, seguindo de Dublin para o condado de Waterford, ela cantarolou melodias de musicais da Broadway, canções de pubs irlandeses e até, ao escapar por um triz de um acidente, na saída da cidade de Carlow, o refrão de ”Brown Sugar”, suficientemente alto para estremecer Mick Jagger.
Depois disso, a situação acalmou-se um pouco. Talvez os deuses do viajante tivessem ficado tão chocados com o barulho, que resolveram recuar, deixando de lançar outros carros no seu caminho. Ou talvez fosse a influência dos omnipresentes santuários à Virgem Abençoada que pontilhavam a margem da rodovia. De qualquer forma, a estrada tornou-se mais vazia e tranquila, e Jude começou quase a divertir-se.
Colinas verdes e ondul
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ntes tremeluziam ao Sol, brilhando como o interior de conchas, e estendiam-se à sombra das montanhas escuras, cujo volume se projectava contra um céu pontilhado de nuvens esfumadas. A claridade perlada parecia mais própria de pinturas.
Quadros, pensou ela, enquanto a mente vagueava, reproduzidos com tamanha beleza, que, se uma pessoa os contemplasse por bastante tempo, iria sentir-se absorvida por eles, fundindo-se nas cores e formas, na cena que algum mestre extraíra do seu próprio pensamento.
Era o que ela via, quando ousava desviar os olhos da estrada. Luminosidade, uma beleza incrível, estonteante, que fazia o seu coração estremecer, ao mesmo tempo que o acalmava.
Os campos eram verdes - de um verde indescritível -, cortados por sebes ou pontilhados por fileiras de árvores raquíticas. Vacas malhadas e ovelhas peludas pastavam aqui e ali, enquanto tractores se arrastavam de um lado para o outro. Algumas casas brancas e creme surgiam na paisagem, roupas a esvoaçar nos estendais, flores multicoloridas a desabrochar nos quintais.
E, de repente, de uma forma surpreendente e maravilhosa, Jude deparava-se com as paredes antigas de uma abadia em ruínas, ainda orgulhosa, contra os campos e o Sol ofuscante, como se aguardasse pelo momento de voltar à vida.
O que sentirias, especulou ela, se atravessasses o campo, subisses os degraus lisos e escorregadios que restam no meio daquelas pedras desalinhadas? Poderias sentir os passos que há séculos atravessaram aqueles degraus? Serias capaz de ouvir, se prestasses atenção, como a tua avó alegava, a música e as vozes, o clamor das batalhas, o choro das mulheres, o riso das crianças, há tanto tempo mortas?
Jude não acreditava nessas coisas, é claro. Mas aqui, com aquela luz, com aquele ar, parecia quase possível.
Da grandeza em ruínas à simplicidade encantadora, a terra estendia-se em beleza, oferecia-se ao viajante. Telhados de colmo, cruzes de pedra, castelos, depois aldeias com ruas estreitas ...
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Comentários:
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Jenny: Lindo e maravilhoso… .
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