Livro: Veludo Azul Página 2

... o e o ouviu abafar uma exclamação. Seguindo-lhe o olhar, ela avistou lady He¬len Denfield. Embora com trinta e dois anos de idade, lady Helen continuava com aparência de adolescente e era famosa por sua beleza. Usava os cabelos loiros soltos às costas, cobertos por um véu finíssimo, e mantinha expressão de encantamento nos olhos castanhos. Ao passar pelas pessoas, sorria com timidez. Divertida, Elizabeth observou a encenação e esforçou-se para não rir alto. Relanceouo olhar pelo irmão a fimVELUDO AZUL de avaliar-lhe a reação. Stephen parecia prestes a en¬trar em batalha. Os olhos verdes não escondiam a des¬confiança e, num gesto nervoso, ele passou a mão pelos cabelos castanhos. Por três dia seguidos, Elizabeth o acompanhava nas vindas ao castelo de Windsor, pois, como mensageiro do rei, Stephen precisava estar à disposição caso hou¬vesse missões a cumprir. Mas sua presença ali o ex-punha ao contato com a pessoa a quem mais desejava evitar, a ex-amante. O relacionamento tinha terminado quando ele descobrira as intenções matrimoniais da jovem viúva. Lady Denfield parou diante deles. — Lady Elizabeth — cumprimentou sem fitá-la, pois o brilho interesseiro do olhar focalizava-se em Stephen. — Lorde Clayburn — disse em seguida com voz carinhosa. Constrangido, Stephen passou as mãos pelas coxas cobertas por meias verde-escuras enquanto respondia ao cumprimento: — Lady Denfield. Com olhar ávido, Helen seguiu o gesto das mãos. Interessada na cena, Elizabeth tornou a se esforçar para não rir alto. Não deixava de ser engraçado que Stephen lutasse tanto para desligar-se do relaciona¬mento que, apenas duas semanas atrás, despertava-lhe grande interesse. Viúva há um ano, Helen Denfield deixava claro que não desejava continuar nesse estado, e Stephen fora o escolhido para marido, concluiu Elizabeth. Como não houvesse tido filhos durante os quinze anos de casa-mento, as propriedades e o dinheiro de lorde Denfield tin ...

am ido para as mãos de um primo distante. Dis¬pondo de verbas limitadas, Helen havia usado todo o seu encanto para fisgar Stephen quando ele mostrara interesse. Além de ser um homem atraente, o irmão de Eli¬zabeth também herdara fortuna da mãe. Como se isso não bastasse, dizia-se à boca pequena na corte que Stephen tinha proporcionado a Helen o êxtase sexual pela primeira vez. Elizabeth não tinha experiência no assunto, mas sa¬bia que as damas da corte valorizavam muito a perícia masculina demonstrada no quarto. Não entendia bem por que e achava ridícula tal atividade. Mas, na ver¬dade, ainda não encontrara um homem que lhe afe-tasse os sentimentos. Helen olhou para Stephen com desespero. Elizabeth quase se deixou dominar pela simpatia. Stephen podia perseguir uma mulher com ardor, mas perdia o inte¬resse quando a questão era o casamento. Mas Stephen era sangue de seu sangue e ela lhe devia fidelidade; portanto, lady Helen não contaria com seu apoio. Nesse momento, Elizabeth percebeu o silêncio inva¬dir a antecâmara. Levantou o olhar e surpreendeu-se vendo todos virados para a entrada. Quem poderia estar chegando?, indagou-se. Foi então que as pessoas abriram passagem e Eli¬zabeth o viu. O homem era alto e exibia a túnica, a capa e as meias escuras de maneira casual e, completamente despreocupado com o fato de os tecidos modelarem-lhe os ombros e coxas musculosas. Via-se que ele não se dava ao trabalho de vestir-se com ostentação, e assim assemelhava-se a um lobo rodeado por cachorrinhos de estimação. Os cabelos castanhos caíam-lhe nos om¬bros, e os olhos, da mesma cor, percorriam o ambiente com desinteresse. Ao caminhar, demonstrava uma cer¬ta graça animal e fez Elizabeth pensar numa floresta iluminada pelo luar. A expressão era de alguém ha¬bituado a manter-se alerta contra perigos escondidos. O homem parecia alheio à comoção que provocava. Era como se tivesse em mente assuntos de grande importância. Ele virou-s ...

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