Livro: Por Amor - Shirl Henke Página 5

... le. Aaron virou o corpo com a rapidez de um raio, aparando o golpe da lâmina de Pedro. Livrou-se do oponente mais baixo, porém mais pesado, com uma estocada rápida e precisa que quase decepou o corpo do adversário em dois. Ao pressentir Juan atrás de si, novamente de posse da espada, virou-se e novamente empunhou a arma com uma precisão cegante, seccionando o pescoço grosso e curto de seu adversário. Magdalena nunca vira tanto sangue desde que presenciara uma luta de espada nas ruas de Sevilha, dois anos antes. Seu salvador limpou a arma com a calma prática e metódica de um soldado acostumado com carnificina, e então embainhou a espada e olhou para a garota de pé diante dele. Suja e desgrenhada, apesar de tudo ela possuía as feições patrícias e o porte da nobreza de Castilha. Estreitando os olhos, refletiu que aquela jovem lhe parecia estranhamente familiar. — Você sabe o meu nome — disse, ajudando a moça assustada a ficar de pé. Ela desviou o olhar dos irmãos Muñoz e fitou os olhos penetrantes do rapaz que era o seu príncipe secreto. Recordando-se de como o espiara desavergonhadamente, sentiu o calor subir pelas faces ao responder: — Você é Diego Torres. — Está em vantagem sobre mim. Não sei o seu nome. Apesar do estado desalinhado, o vestido de lã verde da moça tinha um belo talhe, e as botas enlameadas eram de couro de cabra. Diego esperou por uma resposta. — Sou Magdalena Luisa Valdés. Meu pai é dono destas terras. — Ela fez um gesto abrangente. — Como pode a filha de um nobre estar perambulando sozinha pelo campo? Ele podia perceber a culpa infantil entremeada ao sentimento de orgulho de nascença. Orgulho, cobiça, e aquele trecho imprestável de charneca eram tudo que restara à família Valdés. — Esses dois são filhos do meu vizinho — ela emendou num tom de escárnio, esquivando-se de responder à pergunta. — Vi você muito anos atrás, quando Suas Majestades estavam com a Corte em Có ...

doba. Você estava lá com seu pai, don Benjamin. Seu nome era Aaron então — disse baixinho, fitando com um olhar de veneração aquele rosto bronzeado. Ao se recordar da intrigante mulher de Valdés, dona Estrella, uma daquelas prostitutas do bastardo Trastamara, ele retrucou com frieza: — Meu nome ainda é Aaron. — Não deveria dizer isso, ou o Santo Ofício. — Parece que andou escutando as conversas de meu pai — ele a interrompeu, contrafeito. — Sou leal a meu país e à sua única religião verdadeira, e abandonei a lei de Moisés. Isso terá de ser suficiente. Vai me denunciar à Inquisição? — ele indagou, com um tom de contida diversão na voz. — Pobre retribuição por salvar sua vida. Magdalena arquejou. — Claro que não! Sou muito grata, e os irmãos Muñoz sempre foram detestados. Todo mundo vai saudá-lo como um herói, por matá-los. Aaron bufou, com evidente incredulidade. — Devo acreditar nisso? Quando um marrano mata os filhos de um nobre cristão, será culpado, não importa qual tenha sido o motivo. Você nem poderia testemunhar a meu favor sem destruir sua reputação — acrescentou, com curiosidade. Ela não passava de uma criança, mas devia saber da moral da mãe. Magdalena engoliu em seco, horrorizada. — Minha aia sempre me disse que escapulir para cavalgar sozinha traria a ira dos Céus sobre mim. Ela parecia tão abalada que Aaron caiu na risada. — Seu segredo está a salvo comigo, se o meu. — apontou para os homens mortos — .estiver a salvo com você. Onde está sua montaria? Como se distanciou tanto dela? — Olhou ao redor, sem ver sinal de um cavalo. Mais uma vez, Magdalena sentiu o rosto queimar. — Meu cavalo está além daquelas árvores. Eu. eu queria andar um pouco. — Neste barreiro horrível? — ele perguntou, em dúvida. Ela curvou os ombros quando se virou e começou a caminhar com esforço na direção de onde sua potranca estava amarrada. — Foi idiotice m ...

Comentários:

Deixe aqui seu comentário sobre este livro: