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Por Amor - Shirl Henke

Livro: Por Amor - Shirl Henke Página 3

Autor - Fonte: Shirl Henke

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... o nenhum. Parecia esplêndido! Que penitência teria de pagar por essa aventura, espiar um judeu convertido nu, no banho.! Se seu pai descobrisse isso algum dia, ficaria furioso. Mas matar a curiosidade daquela maneira valia a pena. Magdalena se apaixonara por aquele rapaz desde que era uma menina de apenas dez anos, e ele, um garoto de quinze, quando acompanhara o pai à Corte do rei Fernando e da rainha Isabel, cinco anos antes. Claro, na época ele era conhecido como Aaron Torres. O pai era o médico mais confiável do rei, e um judeu. Por pressão real, a família Torres aceitara a conversão, e seus filhos tinham recebido nomes cristãos de batismo. Aaron agora era Diego. Algumas coisas, porém, não podiam ser apagadas tão facilmente, ela pensou com um sorriso malicioso. Se o garoto imberbe fora uma visão dourada para ela, o rapaz fortalecido pelas batalhas que observava agora era infinitamente mais impressionante. Uma fina cicatriz margeava seu queixo, e outra corria por suas costas, onde, sem dúvida, algum soldado mouro deixara a marca da covardia ao atacá-lo por trás. Um talho profundo na perna esquerda também atestava suas experiências de batalha. Ela observou-o enxugar-se com um pedaço de pano branco e depois começar a vestir as roupas limpas que pegou de uma trouxa. As roupas condiziam com sua posição de herdeiro de uma família rica e distinta. As calças que se apertavam às pernas musculosas eram do tecido mais fino, a camisa de um linho branco como a neve, bordada no pescoço com fios de seda de um azul profundo, combinando com o gibão que se esticava pelos ombros largos. Ele embrulhou a pesada armadura de couro, mas afivelou a espada e o punhal nos quadris estreitos, calçando depois um par de botas surradas de pele de gamo amaciadas pelo uso. Aaron correu a mão pelo queixo macio, barbeado antes do banho, e depois examinou seu reflexo na lagoa. — É o suficiente para cumprimentar minha família — resmungou, carrancudo, c ...
ntente pelo menos por estar livre do cheiro de sangue e da sujeira da batalha. Olhou ao redor. Que estranho. Sentia-se como se estivesse sendo observado. Atribuindo a estranha sensação aos encontros recentes com a morte, riu e perguntou a si mesmo: — Acha que algum mouro vai saltar de trás das moitas de rosas silvestres? Erguendo a trouxa de roupas sujas e os equipamentos de combate, pensou no breve retorno ao lar. Don Carlos permitira que visitasse sua família por ocasião do casamento da irmã mais nova, Ana, cujo noivo era de uma família nobre e importante de cristãos, da ilustre casa ducal de Medina-Sidonia. Talvez seu pai se rejubilasse com isso, mas Aaron sabia que sua mãe não estava satisfeita. E ele, por sua vez, não faria qualquer julgamento até conversar com Ana. Magdalena observou o cavaleiro loiro montar, aparentemente perdido em pensamentos. Ótimo. Era menos provável que a avistasse. Agachando-se no mato espinhento, ela prendeu o fôlego, receosa de que os olhos aguçados de soldado do rapaz localizassem seus vibrantes cabelos ruivos em meio à vegetação sombria e aos tons acastanhados da charneca. Quando o magnífico alazão trotou na direção oposta, ela soltou um lento suspiro sibilante e levantou-se. Suas pernas doíam com cãibras, e cada centímetro de sua pele parecia esfolado. Jogando a trança úmida dos cabelos por sobre o ombro, esticou-se como um potrinho recém-nascido e começou a voltar pelo caminho até onde deixara seu cavalo escondido. Mal tinha saído do mato alto da charneca quando os avistou, os irmãos Muñoz, Juan e Pedro, garbosos em seus trajes elegantes. Filhos do vizinho mais próximo de sua família, eram dissimulados, astutos e mal-afamados por abusar das camponesas da propriedade que possuíam. Esticando-se em seus plenos um metro e cinquenta, Magdalena os encarou, desafiadora. Afinal, era filha de Bernardo Valdés, um nobre de linhagem antiga e honrada, embora, no presente, sem grande fortuna. ...

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