Livro: Por Amor - Shirl Henke Página 2
Autor - Fonte: Shirl Henke
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Prólogo
Cercanias do rio Guadalquivir, Verão de 1491
A mocinha agachou-se entre a vegetação rasteira do brejo, tensa como uma lebre, aguentando em silêncio o calor e a umidade sufocantes do fim de agosto. Um junco requeimado pelo sol raspou-lhe o braço esguio, de um dourado pálido, e ela abafou uma imprecação.
— Dizer nomes feios, outro pecado a confessar ao padre Alonzo.
Murmurou as palavras num tom inaudível e começou a rastejar ao longo da beira da água salobra em direção à lagoa, mais funda e mais limpa, de onde ecoavam sons de borrifos altos e cantoria. A longa trança de cabelos de um tom escuro de ruivo tinha se desmanchado parcialmente e pendia sobre o ombro conforme ela espreitava a presa. Ao se aproximar de uma moita de rosas espinhosas, estreitou os olhos verdes de gata e espiou pela densa folhagem rasteira.
A uns vinte passos de distância, um rapaz estava de pé, de costas para ela, mergulhado até a cintura na água clara, enquanto seu cavalo saciava a sede ruidosamente na beira do rio. Por um momento fugaz, os olhos da jovem se desviaram para o magnífico puro-sangue árabe, cujo pelo castanho reluzia sob o sol quente de Andaluzia. Ela já havia admirado o corcel muitas vezes, mas agora era o cavaleiro que lhe prendia o interesse.
Os cabelos até os ombros eram cacheados, precisando de um bom corte, e emitiam reflexos dourados conforme ele chapinhava na água, fazendo-a espumar, enquanto cantava uma cantiga de soldado, de versos obscenos e chocantes, sem dúvida aprendida com os compatriotas mais velhos das guerras contra os mouros.
Outro pecado a confessar.
Ela suspirou e chegou mais perto, arregalando os olhos ao absorver toda aquela beleza máscula bronzeada de sol. Músculos de tendões fortes e encordoados ondulavam pelo corpo esbelto que ele esfregava vigorosamente. Quando se virou
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quase de frente para o seu esconderijo, Magdalena Luisa Valdés prendeu a respiração.
Ele esquadrinhou a vegetação que lhe servia de abrigo e correu os olhos até o grupo de oliveiras onde o puro-sangue estava escondido. Magdalena estudou-lhe as belas feições, as grossas sobrancelhas douradas e arqueadas, os faiscantes olhos azul-escuros, as maçãs do rosto altas e esculpidas e os lábios belamente cinzelados, agora abertos num sorriso que exibia dentes impressionantemente brancos.
Então ele inclinou a cabeça para trás e riu, iniciando outra estrofe da canção. Sua voz era profunda e sensual, ressoando do peito largo e musculoso, generosamente coberto por um desenho de pelos dourados que se estreitava e depois sumia tentadoramente sob a superfície da água.
— Andaluz, você deveria vir juntar-se a mim. A água está refrescante e deliciosa! — Aaron gritou para o garanhão parado pacientemente à margem do rio.
O cavalo sacudiu a cabeça como se compreendesse e, então, continuou a pastar.
— Chega! Você vai ficar muito gordo para sua cilha se eu não for para casa logo — ele disse, afundando depressa para enxaguar o corpo e depois rompendo a superfície da água, sacudindo a cabeça e espalhando gotas que faiscaram ao sol, ao voarem para todos os lados.
Quando ele começou a caminhar na direção da margem, Magdalena esqueceu de respirar conforme olhava aquele corpo nu e bronzeado emergir da água.
— Então é verdade — murmurou, admirada, enquanto seus olhos se cravavam naquela parte da anatomia máscula aninhada numa moita de pelos de um dourado escuro.
Seus olhos desceram pelas pernas longas e esguias e depois correram de volta a se concentrar no falo mais uma vez. Parecia diferente daquele desenhado nos livros de medicina que ela havia espiado na biblioteca de Palma.
Tinha entreouvido seu pai e os amigos dizer que os judeus mutilavam seus corpos com a circuncisão. Diego Torres não parecia deformado para ela, de jeit ...
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