Livro: Anjo Proibido Página 3

... . e porque o rapaz em questão era irmão do homem que ela idolatrava. Theo se lembrou das mãos suaves e frias que o tocavam? E lembrou-se de ter pensado, por um momento, que elas pertenciam a Maryka. Estudou-a com cuidado. A moça vestia um uniforme branco e era muito, muito bonita. — Você é. alguma espécie de freira? — Não. Não sou nenhuma espécie de freira. — Ela falava um francês perfeito, que aprendera com seus pais. — Sou uma enfermeira. Theo olhou para o irmão. Parecia irritado. — Eu não quero uma enfermeira, Max. Chame Fritz. É ele quem tem cuidado de mim por todos esses anos. — Sinto muito, meu irmão, mas acho que não vou poder atender seu pedido. Fritz é uma excelente pessoa, mas não é um profissional. E agora, você precisa ser cuidado por alguém que realmente saiba o que está fa¬zendo. — Ele deu um sorriso. — Você devia estar muito grato. A enfermeira Julie é a minha melhor funcionária. Mas, se quiser, Fritz pode vir lhe fazer companhia de vez em quando. Julie ficou eufórica com o elogio. Quem não estava nem um pouco eufórico, porém, era Theo, que agora res¬mungava qualquer coisa inaudível. Ela tomou a mão dele nas suas, sabendo que tal gesto iria ajudá-lo. E muito. — Você devia descansar um pouco agora. Quanto mais rápido se recuperar, — ela deu um sorriso — mais rápido se livrará de mim. Theo, a princípio, pensou que estivesse sonhando. Ou imaginando coisas. A dor que arrebentava-lhe o corpo tinha quase desaparecido. E, embora tentasse, não con¬seguiu tirar os olhos de seu rosto, nem esquivar-se de seu toque. Max observou a troca de olhares entre Julie e seu irmão. Viu como ela fazia com que a tensão de Theo desaparecesse. Viu como o toque dela aliviava sua dor. Tinha certeza de que fizera a coisa certa. Seu irmão pre¬cisava de um milagre e era aquela moça de alma de anjo e mãos de fada quem iria ajudá-lo. Havia feito o possível e o impossível para curar seu corpo, mas tod ...

aquele esforço só teria validade se seu espírito também fosse curado. Olhou novamente para a enfermeira Julie e sentiu um sopro de esperança no coração. Theo dormia tranquilamente, quando um perfume sua¬ve insinuou-se em sua mente. Abriu os olhos, mas viu que o quarto na penumbra estava vazio. Disse a si mesmo que o que estava sentindo era um grande alívio, e não um grande desapontamento. Queria ficar sozinho. Queria ser deixado em paz. Não queria ninguém. Voltou a ador¬mecer com tais pensamentos na cabeça. O remédio que Max havia lhe dado era tão forte, que ele não chegou a sentir o toque suave das mãos de Julie em seu corpo. Julie estava confusa. Por que resolvera parar no quarto do Conde von Berg, quando já devia estar a caminho de casa? A vontade de fazê-lo havia sido tão grande, que não dera para evitar. Estudou o homem deitado na cama. As sombras, sua¬vizavam os ângulos acentuados de seu rosto. Havia algo nele que a atraía. Algo além da compaixão péla dor que ele obviamente sentia. Algo além de o fato de, em suas veias, correr o sangue do homem pela qual estava per¬didamente apaixonada. Não sabia de quase nada a seu respeito, além do que Max lhe dissera. Mas sentia que havia muita dor em seu coração. Exatamente como havia no dela. Theo percebeu que o sonho voltava e ficou tenso. No princípio, ele aparecia todas as noites, transformando o sono num inferno tão grande, que começou a ter medo até de fechar os olhos. Que começou a dar graças a Deus pela dor nas costas e nas pernas que o mantinham acor¬dado, até que a exaustão o impedisse de sonhar. Tinha de falar com Maryka. Tinha de avisá-la. Ajudá-la a fugir. Ajudá-la a se esconder. A batalha final estava perdida e muito em breve as tropas russas e austríacas estariam entrando na destroçada terra húngara, bêbados de sangue e de vitória. Estava quase chegando à sua casa quando sentiu que suas forças o abandonavam. Caiu no chão, o calor de agosto faze ...

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