Livro: Anjo Proibido
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... Nina Beaumont Título Original: Tapestry of Dreams Seu toque curou-lhe o corpo. Seu coração salvou-lhe a alma. Itália, Áustria, Hungria, Rússia. Meados do século 19. Linda e dedicada como um anjo, a princesa Julie Muromsky merecia todo amor do mundo. Mas Théo só podia recompensá-la com traição! Porque estava ligado - por juramento e por ódio — a seu passado e a outra mulher. Desfeito seu sonho de amor, a Julie só resta fugir. E o destino a jogou nos braços de um homem com desejos sombrios. Um homem que a queria cor loucura, mas em cujo o coração ardia um anseio ainda maior: a vingança! Digitalização: Erika Santana Revisão: Cris Paiva PRÓLOGO Ele estava flutuando. No ar? Ou seria na água? Não sabia dizer. Tentou se mexer, sem sucesso. Era como se tivesse caído em meio a um monte de areia movediça. Onde estava? Usou de toda a sua concentração, mas, por algum motivo, as lembranças não lhe vinham à mente. Che¬gando à conclusão de que a dor o havia feito esvaziar outra garrafa de brandy francês, procurou relaxar. Coisa um pouco difícil, já que estaria completamente acordado dentro de pouco tempo, sentindo aquela terrível agonia nas pernas. e no coração. Não dava para saber qual das duas era a mais terrível. Foi aí então que ele ouviu a voz. — Está me escutando? Era uma voz suave e doce como mel, parecia com a de sua mãe. Sentiu vontade de responder, mas sua língua estava tão grossa, que não conseguiu movê-la. Ele está acordando, pensou Julie, inclinando-se ligei¬ramente sobre o paciente. Reparara nos leves movimentos de suas mãos e no tremor de suas pálpebras. Que pena que, dentro de tão pouco tempo, estaria sentindo tanta dor. Abriu a boca dele gentilmente e colocou o remédio que o dr. Von Berg receitara debaixo da sua língua. Esquecendo o cansaço que sentia, ficou ali, de pé junto à cama do doente, velando seu descanso. Pobrezinho. Quase tão branco quanto os lençóis d ...

linho que o co¬briam, ele parecia muito jovem, apesar dos fios grisalhos nas têmporas e de algumas rugas no canto da boca. Estranho-que ele e o dr. von Berg fossem irmãos. Não havia nenhuma semelhança física entre ambos, além do fato de serem altos e magros. Estendeu o braço e acariciou-lhe o rosto com suavidade. De que cor se¬riam seus olhos? Acinzentados, como os de seu irmão? Ah, como seria bom se Maximilian von Berg se inte¬ressasse por ela. Amava-o com tanta intensidade, que chegava a machucar. Theo von Berg sentiu uma mão suave pressionando-lhe a testa. Maryka, pensou, e sentiu vontade de sorrir. Ah, que enorme prazer sentia quando a jovem e doce Maryka, com seus dedos delicados, o tocavam. Então, de súbito, compreendeu que ela já não estava mais a seu lado. Que fora seqüestrada pelos russos que ele mesmo levara à sua porta. Dor, culpa e ódio apare¬ceram para assombrá-lo e seus lábios secos formaram seu nome. Julie ouviu um som débil vindo dos lábios de Theo von Berg. Sim. Ele havia acordado. Mas permanecia com¬pletamente imóvel. Tomou sua mão entre as dela. Era uma mão longa e bem feita. Daquelas que pareciam pertencer a um pintor ou a um escultor. Tentou adivinhar se aquele homem ali deitado era tão irresistível e charmoso quanto seu irmão. Quanto Theo finalmente abriu os olhos, o mundo es¬tava nebuloso. As únicas coisas que podiam distinguir era o vago contorno de um rosto de mulher sobre ele e um gostoso perfume de flores do campo. — Maryka? O som de sua própria voz fez com que subisse um degrau em direção à consciência e, mais uma vez, com¬preendeu que Maryka havia sido arrancada de sua vida. Fechou os olhos, as lembranças voltando-lhe à mente. A dor. Dias, semanas e meses de agonia que haviam se transformado em anos. Seu irmão Max. O hospital. A operação. Estranho, pensou. Não sentia dor agora, em¬bora Max lhe dissera que ela levaria um tempo enorme para passar. Se passasse um dia, bem entendid ...

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