Livro: Pássaros de Fogo Página 2

... ato! — disse ela, em voz alta. Mas não era nervoso, era uma espécie de agitação interior, uma necessidade de fazer algo mais ativo do que a leitura. Tentando descobrir o que seria esse “algo”, abriu a porta e saiu para o corredor. Um cheiro penetrante entrou-lhe pelas narinas. Fumaça! Será que Anne estava fumando? Às vezes ela fumava. Mas aquilo não era fumaça de cigarro. Foi até o fim do corredor. Não, Anne não estava fumando. Estava absorta em sua leitura. A porta do dormitório estava aberta e nenhum som se ouvia. Algum menino estaria brincando com fósforos? — Estou sentindo cheiro de fumaça — disse Polly, tensa. — O quê? — Anne ergueu o rosto para ela. — Não é daqui — disse Polly, indicando com a cabeça o dormitório. — Não estou sentindo cheiro nenhum. O jardineiro andou queimando folhas secas hoje à tarde, vai ver que é isso. — Mas ele já foi embora faz tempo. — Polly foi até o outro lado do corredor, farejou o ar e voltou. — Daqui também não é. — Talvez seja na cozinha. — O cheiro é de madeira queimada. — Polly começou a ficar preocupada. — Vou dar uma olhada no sótão! — A esta hora? Já está anoitecendo e lá é escuro! Polly caminhou decidida para a porta que isolava a escada do outro andar e mexeu no trinco. — Ah, esqueci que está trancada! Será que devo ir pedir a chave para a srta. Mansard? — Não acho conveniente. — Anne voltou a sua leitura. — Este livro é tão bom! Você precisa lê-lo! Polly cheirou a fresta da porta. — Estou sentindo o cheiro! É daqui mesmo que vem vindo! Tem alguma coisa queimando lá no sótão! — É mesmo? — Anne largou o livro, com relutância. — É verdade! — respondeu Polly, alarmada. — Depressa, vá acordar as crianças! Eu vou chamar a srta. Mansard! — Ah, meu Deus! Polly, não é melhor esperar um pouco? Mas Polly já estava correndo escada abaixo. Bateu na porta da srta. Mansard, que veio abrir, olhando-a com ar ...

de espanto. — Tem fumaça lá em cima. acho que há fogo no sótão! — Meu Deus! Vou chamar os bombeiros! Vá desligar aquela televisão e chamar as outras professoras! Quero todas lá em cima, retirando as crianças. Lembrem-se dos exercícios de incêndio simulado e façam direitinho, do mesmo jeito! Todo mundo longe da casa, entendeu? — Entendi. Polly voltou correndo, desligou a televisão, repetiu as ordens da srta. Mansard, para espanto geral, e foi ajudar Anne. Ainda não estava escuro, mas esfriara. Anne tinha mandado os garotos colocarem sapatos e já estavam quase todos prontos, no corredor, formando fila, cada um enrolado num cobertor. As outras professoras chegaram até eles e prepararam-se para conduzir os meninos para fora, em grupos de quatro. Todos estavam quietos, assustados com a seriedade da situação. O cheiro de queimado aumentara e a fumaça começara a invadir o dormitório. — Tia Polly! Tia Polly! — chamaram uns meninos, aflitos. — Robbie não está aqui! — Anne, espere um pouco, está faltando Robbie! — disse Polly, calma e autoritária, para a outra, que já ia saindo com os quatro meninos. — Onde está ele? — perguntou ela aos três meninos que tinham lhe falado. — Vocês o viram? — Eu vi, tia! — disse um garoto. — Ele estava na cama! — Anne! Leve estes meninos também, eu vou procurar Robbie! — Virou-se para as três crianças de seis anos. — Vocês vão com tia Anne, direitinho, viu? Nada de correr. A essa altura, todos eles, assustados, já estavam chorando. Polly voltou correndo para o dormitório. — Robbie, onde está você? Nesse momento, as luzes se apagaram e o quarto ficou na penumbra, apesar de não ter escurecido totalmente lá fora. Polly foi indo de cama em cama, sacudindo as cobertas. — Robbie, me responda! Onde você está? Ela começou a tossir, pois a fumaça já invadira por completo o aposento. Sentiu um calafrio de medo e procurou controlar-se; não podia entrar em p ...

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