Livro: Interior do Coração Página 3

... o trabalho? — Alex perguntou. — Sim — Shirley respondeu. — A minha filha mora em Darwin e faz isso com uma amiga. As duas têm filhos e não querem trabalhar em tempo integral, então, dividem o trabalho. — Esta decisão não cabe a nós — disse Mack, cruzando os braços. — Precisamos submeter a proposta ao administrador municipal e ele só volta na segunda-feira. Além disso, o chalé mal dá para uma pessoa, quanto mais para duas. — Tem dois quartos? — Alex perguntou. — Tem, mas. — Estou disposta a experimentar, se você também estiver — ela declarou. — Como Shirley disse, serão apenas seis meses. Podemos trabalhar em turnos e, se houver algo sério, podemos ajudar um ao outro. Mack rangeu os dentes silenciosamente. A última coisa que queria era dividir a casa, principalmente com alguém tão atraente como Alexandra MacDonald. Morar com alguém confundia os limites. Gostava de ter seu próprio espaço, ainda mais agora. O inquérito sobre a morte de Isaac Freeman o atingira profundamente. Vir para Kingfisher Crossing fazia parte da sua recuperação. Achara que em um lugar remoto como aquele não haveria distrações e que poderia se concentrar em voltar aos trilhos. Dividir o cargo poderia ser uma maneira de ter mais tempo para ele mesmo. Poderia caminhar e relaxar, ao invés de pensar o tempo todo em trabalhar. — Para mim parece um bom arranjo — disse Shirley. — Tem havido alguns roubos em clínicas, no trajeto daqui a Marraburra. Até prenderem o culpado, será mais seguro ter dois médicos trabalhando. Vou informar o administrador municipal. Aposto que foi ele quem aprontou esta confusão. Está velho demais para o cargo, mas o que se pode fazer? — Não — Mack insistiu. — Eu mesmo falo com o sr. Hallum na segunda-feira. A dra. MacDonald pode ficar durante o fim de semana, até que se tome uma decisão oficial. — Só acho que poderia ser confuso para os pacientes — Alex disse. — Quer dizer, nós temos o ...

esmo nome. — Eu não me chamo Alexandra — ele disse com ironia. — Nem eu — ela falou erguendo ainda mais o queixo. — Então, como se chama? —Alexandria — ela disse. — E todos me chamam de Alex. — Sou Alexander, mas todos me chamam de Mack — ele retrucou. Alex não pôde se impedir de pensar que tinha mesmo cara de Mack. Era um apelido curto e forte, sem nenhuma sutileza. E suspeitava que nada havia de gentil em sua personalidade. Até os seus traços eram cortantes, o queixo firme, bem feito e escanhoado tinha um traço inconfundível de inflexibilidade. Evidentemente era um homem que fazia as coisas do seu jeito. Os olhos azul-acinzentados tinham um brilho de cinismo, e sua boca parecia achar que sorrir seria desnecessário e cansativo. — Então. — ela disse, olhando para ele. — Quando nós começamos? CAPÍTULO QUATRO A porta da clínica rangeu, protestando ao ser aberta apressadamente. — O novo médico já chegou, Shirl? — perguntou uma voz masculina. Alex se voltou e viu um homem de cerca de 40 anos, apertando o braço contra o corpo e com uma cara de dor. — Sim — disse Mack adiantando-se. — Sou o dr. MacDonald. — Eu também — disse Alex se aproximando. O homem a ignorou e se dirigiu a Mack. — Quebrei o braço — ele disse. — Se puder consertá-lo aqui, não preciso ir até Geraldton. Não posso passar muito tempo longe da fazenda agora. — Será preciso fazer uma radiografia para ver o dano — Mack falou. — Há um raio-X portátil no meu consultório. — Você dirigiu até aqui? — Alex perguntou, querendo se envolver. — Sim — disse o homem, franzindo a testa. — Por quê? — Você vai precisar ser sedado para que coloque o seu braço no lugar — Mack explicou. — Há alguém que possa chamar para levá-lo de volta para casa? — Minha mulher está em casa com as crianças. O caçula estava dormindo, mas logo deve acordar — ele disse. — E não preciso de anestesia, Dr. ...

Comentários:

Deixe aqui seu comentário sobre este livro: