Livro: A Rosa de Seda Página 3

... gos ali. Namorava um estudante de direito, natural de Cincinnati, chamado Brian Sorrels. O rapaz tinha visitado o haras nos primeiros dias das férias de primavera, mas o encontro com Guy havia sido desastroso. O pai deixara bem claro que não aprovava a escolha da filha e tratara-o com rispidez e um evidente desprezo. — Mãos macias como lírio! Ele quase desmaiou de medo ao montar aquele velho pangaré ontem! — Guy ironizara, depois da partida de Brian. — Achei que se saiu muito bem para um principiante. Tiny havia mentido, mais em protesto pelo preconceito do pai que propriamente para defender Brian. O namorado se atrapalhara todo sobre a sela, muito embora montasse um cavalo bastante manso, de doze anos de idade. Brian observara Tiny cavalgar sua impetuosa égua Shiloh e fi¬cara assombrado com a velocidade que desenvolviam. Guy rira com escárnio ao ver o rapaz restringir-se aos limites do paddock. — Vi seu namorado passear o velho Captain ao redor do estábulo — o pai a provocara. — Parecia morto de medo! Quando o pobre animal se entusiasmou e começou a trotar um pouco, pensei que os olhos do rapaz iam saltar das órbitas! — Ora, papai, não se pode julgar um homem pela habilidade dele em cavalgar. Existem outras coisas na vida, mais impor¬tantes, sabia? — Tiny havia retrucado. Naquela manhã, ela sentia uma ponta de remorso pela ansie¬dade em partir, embora soubesse que o pai quisera apenas provocá-la com a acusação de que o abandonara. Guy tinha muito com que se ocupar ali e não lhe faltaria companhia, com Sean Murphy e os adorados animais por perto. Os dois homens se reuniam todas as noites para tomar uísque e conversar sobre as atividades do dia. Tiny desceu com as malas e decidiu tomar apenas uma xícara de café com o pai antes de se pôr a caminho. Enfrentaria uma longa viagem da fazenda, localizada a sessenta quilômetros ao sul de Lexington, até Louisville. Encontrou o pai lendo jornal na sala de jantar ensolarada. R ...

se, a última de uma série de empregadas, se alvoroçava dis¬tribuindo pela mesa pratos de lingüiça e de panquecas. Parecia comida demais para duas pessoas. — Bom dia, papai. — Tiny sorriu para Rose, uma mulher magra e nervosa, que talvez também não durasse muito no emprego. Lidar com o temperamento explosivo e rude de Guy Ryan não era nada fácil. — E, então, já encontrou um nome para o futuro campeão? Guy ergueu o olhar do jornal, franzindo a testa. — Pode zombar de mim o quanto quiser, mocinha, mas esse potro será um entre os cavalos de corrida mais famosos do mundo daqui a alguns anos. Escreva o que digo! A mãe dele vem das melhores linhagens do país, e o pai é nada menos que Shadow Dancer! Tiny havia crescido entre nomes e pedigrees de cavalos e, embora o nome Shadow Dancer lhe soasse familiar, não lem¬brava com exatidão que animal era aquele. De qualquer forma, não importava naquele momento. — Só estava brincando, papai. Sei que é um especialista no que faz. Se diz que aquele potro será um vencedor, acredito. Apaziguado, Guy dobrou o jornal e começou a tomar o café. — Não vai comer? — Apontou com o garfo para o prato vazio de Tiny. — Não estou com fome e preciso sair logo. Quero ter tempo suficiente, quando chegar à universidade, para desarrumar as malas e pôr tudo em ordem antes do início das aulas. — Além de ver Brian — o pai acrescentou, afinando a voz irônicamente. — Sim, e ver Brian! — Tiny imitou o tom em falsete e caiu na risada. — Francamente, papai, ele não é tão mau como você pensa. — Esse rapaz não passa de um asno! Você merece alguém que saiba pelo menos montar um cavalo, minha filha, e não pode me condenar por lhe desejar o melhor. Tiny suspirou. — Pare de me tratar como a um de seus animais, papai. Além do mais, Brian e eu estamos longe de um relacionamento. digamos. sério. — É um alívio ouvir isso. — Guy baixou o olhar, evitando encará-la. Apesar da natur ...

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