Livro: A Senhora de Falcon Ridge Página 3

... bro, e furioso por temer que Cleve não aprendera as lições. Os perigos eram inesperados até mesmo em Malverne, propriedade de Merrik, onde uma fortaleza magnífica era rodeada por montanhas elevadas e um fiorde tão azul, que machucava a vista quando o sol se refletia em suas águas. Cleve esperou e, quando Merrik estava a um braço de distância, deu um pontapé no tornozelo do amigo e o atingiu no estômago. Em seguida, empurrou-o para trás e pulou com o joelho em seu peito, para depois aterrissar em cima dele com a faca em seu pescoço. Astuto, Merrik revidou golpeando-lhe as costas com os joelhos. Ao vê-lo sem ar, tentou atirá-lo para lon¬ge. Cleve enterrou os joelhos nas laterais de Merrik e fechou os olhos por causa da dor. Se Merrik fosse um inimigo, ele lhe teria cortado o pescoço. Mas tudo não passava de uma diversão naquela tarde de final de pri-mavera. Merrik era um lutador experiente e Cleve, ao longo daqueles cinco anos, ainda não aprendera todos os truques. — Acabem com isso! — Oleg gritou, atrás deles. — Sabem o que Laren fará se os dois se machucarem? Dará uma surra no traseiro de cada um com a espada de folha larga de Merrik, e depois o beijará até ele desistir de lutar e ir para a cama. com ela, claro. Oleg parou ao lado deles com as mãos na cintura, rindo. Era um homenzarrão loiro, como a maioria dos vikings, e tinha olhos muito azuis. Cleve aliviou a pressão na garganta de Merrik. — Fui vencido — Merrik declarou, abrindo os braços no chão. — Na verdade, estou morto. — Sua habilidade com essa maldita faca é sur¬preendente, Cleve. Mesmo assim, sobrou-lhe descara¬mento para usar seus cotovelos em mim, uma artima¬nha que eu mesmo lhe ensinei. — Não entendi essa ira de alguém que sempre diz que o melhor é sempre mantê-la afastada durante uma luta. — Cleve riu. — Na verdade, com ou sem raiva, eu seria o vencedor. Merrik soltou uma imprecação e os três riram. Logo outros se aproximaram e pass ...

ram a contar vantagens. Cleve saiu de cima de Merrik e ofereceu a mão ao amigo. Merrik poderia ter-lhe quebrado o braço, tê-lo atirado longe, ou mesmo tê-lo matado. Mas havia se de-clarado derrotado e a brincadeira terminara. Por ora. De repente, Merrik mostrou-se sombrio como duran¬te a peste que assolara Malverne e matara dez pessoas. — Cleve, um descuido pode ser fatal. O perigo está em toda parte e muitas vezes se aproxima em um piscar de olhos. Não foi assim que minha prima Lotti quase morreu quando um javali entrou nos campos de cevada? Ela teve sorte de Egill estar por perto. Não se deve cochi¬lar nunca, meu amigo. Cleve adorava Lotti, que era muda e se comunicava por intermédio da linguagem dos dedos que ela mesma inventara. A moça era compreendida pelos Malek, pelo marido Egill e pelos filhos. Ele mesmo aprendera algu¬mas palavras, mas jamais teria a destreza de Lotti ou Egill com as mãos. — Eu estava pensando em um sonho que tive — Cleve explicou e logo se arrependeu. Sonhos eram muito importantes para os vikings, que os discutiam à exaustão até certificar-se de que os mes¬mos não representavam perigo. — Que sonho? — Oleg entregou a cada homem uma caneca com água gelada do fiorde. — O mesmo, pela quinta vez. — Cinco noites seguidas? — Não, Oleg. Eles vêm ocorrendo nos dois últimos anos. Estão se tornando cada vez mais ricos e completos, e fico frustrado por não atinar com seu significado. — Cleve, um sonho que retorna com muitos detalhes pode ser importante — Merrik declarou. — É possível que seja um presságio: bom ou mau. — Ainda não posso falar sobre isso, Merrik, pois tem a ver com um passado distante. Merrik desistiu. Cleve rivalizava em teimosia com Laren, sua esposa ruiva. Assim, mudou de assunto en¬quanto se dirigiam ao fiorde para nadar com mais al-guns homens e meninos. — Cleve, sua partida para a corte do duque Rollo, na Normandia, será amanhã. Aproveite para explicar a ele ...

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