Livro: A maldição de Kol Página 4

... , e pela primeira vez Isabel teve a noção exata da altura do homem. Sem aviso, sentiu que uma certa mão forte tapava sua boca, enquanto o braço musculoso do homem a segurava pela cintura, fazendo o pão cair de sua mão. Isabel tentou lutar, quando cinco guerreiros a cercaram como fantasmas saídos do nevoeiro. Seu salvador se postou no meio deles. Embora sentindo muita dor, erguia-se, imponente e orgulhoso. Vou morrer, pensou Isabel. Porém, o "anjo" ordenou algo, e todos se afastaram alguns passos. — Qual é seu nome, pequena? — ele perguntou com voz rouca. — Isabel. — Que Deus a proteja, Isabel. E embora ela não ousasse piscar, dentro de instantes os guerreiros desapareceram nas sombras, tão silenciosamente como haviam chegado, levando seu salvador. Apenas um pouco de sangue do prisioneiro permaneceu grudado nas roupas de camponesa que Isabel usava, para fazê-la ter certeza de que não fora um sonho. Dois invernos mais tarde Kol Thorleksson vinha à frente de seu exército. Atrás, várias centenas de homens a pé formavam uma muralha humana. O oceano trazia um vento forte que fustigava seus cabelos e corpo, Kol, porém, não sentia frio. Vekell se aproximou, inspecionando as fileiras, o gelo grudado na barba loura. — Milorde, já demos tempo suficiente para os saxões se recuperarem da batalha anterior, mas são uma nulidade no inverno. Kol analisou a escarpa íngreme que iriam subir para a próxima batalha, e a grande fortaleza à frente. — Terei minha vingança aqui — murmurou —, no campo de batalha, diante dos olhos de meus homens e dos saxões. — Ergueu a mão até o peito e segurou o crucifixo. — E diante de meu Deus. Vekell, que era pagão, sorriu. — Mas, milorde, seu Deus não é misericordioso? Com um olhar irado para o segundo homem no comando, Kol respondeu: — Alguns pecados Ele perdoa, mas eu não. Então viu Ranulf surgir entre seus soldados, ricamente vestido com uma túnica vermelha e montado em ...

um cavalo negro. Pela primeira vez em muito tempo, Kol inclinou a cabeça para trás e riu. Ao seu sinal, uma chuva de lanças e setas foi lançada, e a batalha começou. A hora seguinte passou em meio a uma luta feroz. Cercado pelo clamor de metais se entrechocando e pelos gritos dos moribundos, Vekell anunciou por fim: — Arrombamos os portões. Kol retirou a espada do peito do inimigo que acabara de abater, e ergueu os olhos para seu estandarte que já estava sobre o platô ao sul da fortaleza. Mas onde estaria o rei saxão? Durante a batalha, Kol perdera Ranulf de vista. Sabia que seu grande desafeto não perecera, pois ordenara que nenhum de seus homens o matasse; queria ser ele próprio a terminar com a vida do rei. Svartkell segurou seu machado com as duas mãos, e bradou: — Onde está o saxão bastardo? Por que não aparece? Ragi, um velho escandinavo que ainda lutava como seus ancestrais, quase despido, apenas coberto por uma pele de animal, limpou o sangue da espada. — Sem dúvida o covarde se escondeu — comentou com sarcasmo. Vekell conduziu Kol pelos portões arrombados. — Fui avisado que as mulheres da família do rei estão aqui. Kol cuspiu no chão. — É Ranulf quem desejo. — E o terá—disse Vekell com um sorriso. — Mas essas mulheres são as irmãs do rei. Ragi mostrou os dentes amarelos, murmurando: — Princesas. Kol franziu os lábios com desdém. — Que tipo de homem deixa a família para trás e foge dos próprios pecados? — Conhecia muito bem a natureza do inimigo que desejava destruir. — Tem razão, velho amigo. Se essas mulheres são de fato do mesmo sangue de Ranulf, terei prazer em tomá-las como reféns e transformar suas vidas em um inferno. Serão meu trunfo para agarrar Ranulf. Os guerreiros foram se aproximando, formando um círculo ao redor do líder, que ergueu sua espada. — Vikings! — gritaram em uníssono. Isabel viu as mulheres formarem uma barricada humana para impedir a entrada d ...

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