Livro: Paixão a toda prova Página 2

... uanto dormia e o tornava irresistível, aban¬donara seu corpo em algum ponto de Talavera, e agora perambulava livre dos limites da matéria. Livre do poder de magoá-la outra vez. Oh, Jer, pensou ela, uma única lágrima ris¬cando seu rosto, que o amor que eu tenho por você possa chegar a este ponto. O tilintar de esporas a fez tirar a mão e enxu¬gar a lágrima. Ela se virou e viu o tenente Allensby, do corpo inerte companheiro de farras de Jer, entrar. — Sinto muito, Audra. Ele era um grande sol¬dado e um bom amigo. Vou sentir muito a sua falta. Ela agradeceu, sem conseguir encontrar uma resposta gentil para aquele homem que incen¬tivava Jer a tentar a sorte no jogo, e que tanto contribuiu para a situação difícil em que ela se encontrava. O mau humor de Jer nas últimas noites quando voltava do jogo deixara claro que a sorte dele chegara ao fim. Ela ainda não sabia como pagaria Allensby e aos outros o que Jer perdera, e ainda como arranjaria dinheiro para as provisões necessárias para a jornada de volta a Lisboa. — Audra, acho que a. o falecimento súbito de Jer lhe deixou numa situação difícil. Para ser mais exato, ele devia uma grande soma de di¬nheiro. Para mim, principalmente. — Tão grande assim? Quanto exatamente? — perguntou ela alarmada. A resposta entre os dentes a deixou sem palavras. Ganhando tão pouco, como Jeremy teria arranjado uma dívida tão grande? Allensby balançou a cabeça diante do choque de Audra. — Receio que ele estivesse devendo mais ou menos o mesmo valor para vários outros. Você sabe como Jer era. Não parava de jogar, sempre achando que logo a sorte estaria de volta. E nor¬malmente ela voltava. Mas não sempre, pensou Audra com amargu¬ra, lembrando das contas trazidas de Lisboa que Jeremy guardara na gaveta de sua escrivaninha. — Então, como amigo, pensei nos meios dis¬poníveis que você teria para quitá-las. Dívidas de honra, você sabe, devem ser pagas logo. — Compreendo — disse ...

udra com indife¬rença. Como se ela não conhecesse o corolário estúpido do ainda mais estúpido código não es¬crito da conduta masculina. — E.? — Ele deixou a pergunta no ar. — Pode ser indelicado da minha parte lhe pergun¬tar num momento tão impróprio, mas como você pretende quitá-las? — Ainda não decidi — replicou ela. — Como você pode imaginar, estive meio ocupada nas úl¬timas horas. Ele se aproximou dela e sorriu compreensivo. — Deve ter sido horrível para você. — Ele deu um tapinha no ombro dela e ela se encolheu para escapar. O sorriso dele se abriu. — Alguns de nós tentamos adivinhar por que, com uma esposa sensível esperando em casa, Jer sempre estava. andando por aí. E dadas as circunstâncias, que eu diria ser conhecimento de todos, gostaria de ser o primeiro a oferecer uma solução para suas atuais dificuldades finan¬ceiras. Receio estar prestes a ser indelicado de novo, mas você é muito atraente e uma excelen¬te esposa de soldado. Se estiver disposta em me fazer companhia na marcha, cuidaria das dívi¬das de Jer para você. Por um instante, ela ficou olhando para Allensby, sem compreender. Depois, a raiva tomou conta dela, tão forte que precisou se segurar para não partir para cima dele. Um misto de pesar, dor e pavor tomou conta de Audra. — Será que estou entendendo bem? Você está tendo o atrevimento de, diante de meu marido morto, me oferecer uma carta branca? Allensby esboçou uma mesura. — Acredito que Jer não esteja em posição de se preocupar com isto agora. — Saia daqui — ordenou ela. — Saia antes que eu perca o controle e deixe marcas na sua face insolente. Ele se limitou a continuar sorrindo. — Aprecio mulheres movidas pela paixão, por isso sinta-se à vontade. Mas como é seu de¬sejo, vou sair madame, por agora. Sei que você está nervosa e nem consegue pensar direito no assunto, mas quero que minha oferta seja a pri¬meira. Pense nela. Audra virou de costas para e ...

Comentários:

Deixe aqui seu comentário sobre este livro: