Livro: A morada da felicidade Página 2

... dor — o pai — e, embora não tivesse muita dificuldade em obter dele tudo o que desejava — como esta viagem, por exemplo —, era sempre uma relação cansativa e enervante. Seu próximo relacionamento seria bem descontraído, pensou com um sorriso, os olhos pesados de sono. — Ei, você do Luana! — Era a voz de Tony. Joanna prendeu rapi¬damente o fecho do biquíni antes de sentar-se. Mary foi a primeira a subir a bordo. Estava com o rosto corado e gotinhas de suor lhe cobriam o nariz. Carregava dois cestos grandes nas mãos. Joanna observou a cena com um certo remorso. A pobre da Mary não se divertira muito até então. Não gostava de velejar e enjoara terrivel¬mente quando encontraram mau tempo nos primeiros dias. Não era também uma exímia nadadora, e a pele clara ficava coberta de bo¬lhas quando tomava sol. Mary, por sinal, só se sentia feliz quando estava na pequena cozinha do veleiro preparando a comida para os quatro. Ela e Paul iam casar-se no próximo ano, e Mary seguia cur¬sos de prendas domésticas neste meio tempo. Ao avistar Joanna, deu um dos seus gritinhos irritantes. - Olá, Joanna! Não me diga que você dormiu embaixo deste sol escaldante! Não, claro que não — disse Joanna, procurando dissimular sua irritação. — Está um dia maravilhoso. Há alguma coisa interessante no porto? — Encontramos uma feira — disse Mary. — Compramos legumes, verduras e frutas frescas. Vou fazer um cozido para o jantar. — Não é exatamente um paraíso de turista — queixou-se Tony. Caiu exausto sobre as almofadas do convés, ao lado de Joanna e desabotoou a camisa. — Há alguns bares e um deles serve de salão de dança à noite. Vamos procurar outro local? — Ah, eu gostaria de conhecer o salão de dança — exclamou Joan¬na. Na realidade, tanto fazia se velejassem até outro porto do litoral mas sentiu vontade de contrariar Tony só para ver sua reação. 0 rapaz inclinou-se e roçou de leve os lábios nos ombros macios e qu ...

ntes. - Está bom, amor. Vamos à tal boate, mas tenho certeza que vou passar a noite toda defendendo-a dos paqueras. - Eu sei tomar conta de mim — protestou Joanna com impertinência e Tony deu um sorriso. - Olha, trouxe uma surpresa para você. Um jornal inglês. - Não! De quantos dias atrás? — exclamou Joanna segurando o jornal nas mãos. Abriu-o na coluna social e lançou um olhar rápido para as notícias de noivados, mas não encontrou entre elas nenhum dos seus conhecidos. Os noivados estavam fora de moda, pelo visto. A coisa bem no momento eram os casamentos de "experiência". Ainda bem que seu pai não era dessa opinião, pensou. Percorreu as notícias da primeira página, enquanto Mary e Paul discutiam se deviam fazer um almoço leve ou uma refeição completa. - Alguma coisa interessante? — perguntou Tony por cima do seu ombro. - As mesmas fofocas de sempre. Mais um banco assaltado em Londres. Um debate no Congresso sobre cortes nos orçamentos públicos. Um cientista soviético aproveitou uma conferência em Veneza para dar o fora do país. — Atirou o jornal em cima do convés. - Também esse Jornal é tão velho! A Terceira Guerra Mundial podia ter começado sem a gente saber. — Olhou com impaciência para Mary e Paul, - Ah, por favor, parem com essa discussão! Está quente demais para se comer outra coisa senão uma salada e espero que vocês tenham comprado algum queijo decente. - Está bom, chefona - murmurou Paul de mau humor. —- Vamos preparar as coisas, Mary. Os dois desceram para a cozinha minúscula embaixo do convés e Tony encostou de leve a mão no braço de Joanna. - Joanna. Ela encarou-o com a expressão interrogativa. — Eu tenho cara de chefona? - Tony hesitou antes de responder. — Um pouquinho. . . mas isso não tem importância, amor. Eu sei que você não faz de propósito. Você está acostumada a mandar e tem a quem sair. — O que você quer dizer? — Bem, querida, tio Bernard é. . . contra-almir ...

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