Livro: Amante Por Vingança Página 3

... via a cicatriz, mas a dele lembrava-lhe o erro de julgamento sempre que se olhava no espelho. — Alice — berrou, girando a poltrona para a porta. — Estou com uma maldita doida na linha, pode fazer alguma coisa? — Não sou doida! A voz sem rosto desprendeu uma rouca indignação. — Muito justo — ele rosnou. — Contudo, entrou numa linha particular, portanto desligue. Caso queira deixar alguma mensa¬gem, recorra aos canais adequados. — Não ouviu nada do que eu disse? Não tenho tempo para canais. Alguém já lhe disse que você é um cara extremamente grosseiro? — Já, mas raras vezes na cara. — Muito irônico. Mas eu não lhe disse na cara. Se talvez pudes¬se. Escute, é o Sr. O’Hagan. ? — Sou Roman O’Hagan. . Se não vai desligar, acha que pode aparecer na próxima hora e me dizer quem diabo é você? Nem que seja apenas para eu garantir que jamais terá outra oportunidade de discutir comigo no futuro. A ameaça produziu um audível suspiro do outro lado, — Bem, acho que você podia ter respondido logo, em vez de desperdiçar meu tempo. — Desperdiçar seu tempo.? Roman esperava que os calados e invisíveis executivos da em¬presa permanecessem mudos. — Meu nome é Scarlet Smith. Scarlet. — Eu administro a creche na universidade. Sua mãe está inaugurando-a oficialmente hoje. — Minha mãe está em Roma. Roman parou, com uma vaga lembrança de que a mãe dissera algo sobre interromper as férias com a família para regressar e cum¬prir um compromisso. — Não, ela está em meu escritório, e receio que não esteja pas¬sando muito bem. Ele acomodou o corpo em posição ereta, desaparecendo o seu ar de languidez. — Que foi que houve? — Não pretendo assustá-lo. — Bem, já assustou, por isso diga logo — advertiu-a, lacônico. — Sua mãe teve um pequeno desmaio ainda há pouco. Parece melhor agora. A mãe dele não desmaiava. — Que diz o médico? — Ela não consultou um médico. — Por que ...

iabos não? — perguntou. — Preciso de um carro — acrescentou, sem pausa, ao voltar-se para a atenta assistente que, como toda boa secretária, sabia quando calar-se. — Cancele todos os meus compromissos pelo resto da manhã, depois diga a Phil que se encontre comigo na universidade. — Nosso vôo. — Cancele. — E se o Dr. 0\\\'Connor estiver ocupado? O chefe virou a cabeça e encarou-a; Alice entendeu. — Sua mãe não me deixou chamar médico nem ambulância. Roman voltou-se como se quisesse ficar de frente para a voz queixosa. — Deixou-a? Ela estava inconsciente — ridicularizou de forma desdenhosa. — Por menos de um minuto. Ele sabia quando alguém encobria alguma coisa; não havia nada que desprezasse mais. Espinafrava as pessoas que preferiam pas¬sar a culpa adiante por não terem coragem de assumir os próprios erros. A assistente não aguentou continuar calada. — Você sabe mesmo ser muito mesquinho. — Que é isso? Solidariedade de irmãs? — Acho que você não percebe como aterroriza os outros — censurou-o, balançando a cabeça. — Não, Alice, sei exatamente como aterrorizo os outros. — Deu um sorriso cruel. — É o segredo por trás do meu sucesso. — Bobagem — ela respondeu. — O segredo do seu sucesso é que você vive para o trabalho e não tem vida própria — acrescen¬tou, com desaprovação. — Não tem equilíbrio. — Eu gostaria de um pouco mais de pavor, Alice, e um pouco menos de papo — disse o chefe, a voz arrastada. — A coitada deve estar chorando muito. — Perdoe-me não simpatizar com incompetência, sobretudo quando põe minha família em perigo — ele respondeu com ar sombrio. Ao contrário da previsão de Alice, a "coitada" em questão nem se aterrorizara nem chorava. Atravessava um corredor universitário onde todos que em geral recebiam um alegre cumprimento olhavam o seu rosto quase sempre animado e mudavam de opinião. Outros olhavam curiosos quando ela passava treina ...

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