Livro: Amante Por Vingança Página 2

... na linha. Como pode alguém falar tanto tempo e não dizer absolutamente nada? Roman interrompeu o interminável fluxo. A resposta, ao contrário, foi mais incoerente. Também esclareceu a dúvida se aquele indivíduo bem remunerado compreendera o problema ou fizera a pesquisa necessária. Não fizera! Não ia esquecer o nome dele. — Quer dizer então que, para você, o mercado europeu está pronto para um projeto desses. Antes que completasse a pergunta, uma voz feminina, baixa, rouca e muito atraente o interrompeu. — Desculpe, mas falo com o Sr. O’Hagan. ? — Quem é? — Sr. Roman O\\\'Hagan? — Que diabos.? — Estou tentando falar com o Sr. O’Hagan. . Pode me dizer com quem falo? Essa combinação de surdez e persistência seletivas, mesmo numa voz de extraordinária sensualidade, ia se tornar chata muito em breve, ele concluiu. F. O’Hagan. & Filhos fora apresentada há pouco como um exem¬plo brilhante de empresas que empregam o maior número de mu¬lheres em cargos de alto nível, mas nenhuma fazia parte daquela conferência. Ele não tinha a menor ideia de quem era aquela mulher, nem como irrompera no meio de uma discussão altamente delicada. — Não sei como você entrou nessa linha. Roman parou. O sorriso indolente que se formou na boca larga e sensual sugeria mais que auto escárnio. Imaginava se o fato de exibir uma atípica tolerância não teria alguma relação com a cons¬tatação de que a penetra tinha uma voz muito atraente. Associava aquele tom enfumaçado e quente com pernas longas, lábios seduto¬res e longos cabelos louros. — Bem, não me pergunte! Não será a sua vez de me dar o fora, talvez? Já me transferiram para todas as benditas pessoas no prédio! — Adeus quente, sedutora, olá professora. Ora, bem, a inofensiva fantasia fora boa enquanto durara, pensou o magnata. — Deram-me o fora e me fizeram esperar. — Poderia desligar? Trata-se de uma discussão particular e confidencial. Ao contrário da a ...

ta administração no outro lado da Europa, que aguardava cada palavra daquela conferência, a intrusa parecia não compreender que, quando o chefe da Construtora O’Hagan. usava esse tom, a conversa chegara ao fim. — Não tenho o menor interesse em sua discussão — garantiu-lhe a dona da voz rouca, bastante incisiva. Roman bufou em frustrada irritação. — É o que todos os espiões industriais dizem, porém. — Isso era para ser uma piada? — perguntou a voz, agora gé¬lida. — Porque tenho de dizer que realmente não estou no clima. E aviso que, se tiver de ouvir "Danúbio Azul" mais uma vez, não serei responsável pelas conseqüências. Quer ter na consciência uma tagarela correndo nua pela cidade? — Depende da mulher. — É um prazer ver que se diverte. — Você nunca deixa ninguém acabar o que tenta dizer? — Por Deus, não estou solicitando uma audiência pessoal com o papa, só quero falar com o Sr. O’Hagan. . — É óbvio que ela não. — Acho uma extrema falta de educação falar de uma pessoa na terceira pessoa quando ela. Eu. Ouve cada palavra que você diz. Como já lhe expliquei, e a inúmeras pessoas, é de fato importante. — Ficaria surpreso se não fosse — observou em tom seco. As pessoas que desejavam falar com ele achavam que tinham algo importante a dizer. Noventa por cento queriam proporcionar-lhe uma fortuna; precisavam apenas de pequeno capital para realizar os pla¬nos. Pouquíssimos desses excêntricos chegavam a ele, pois, em geral, tinham os telefonemas filtrados. Era uma das concessões que tivera de fazer à segurança, após cometer um sério erro de julgamento. Chegara ao escritório uma manhã e encontrara alguém. Uma mulher de meia-idade a quem, em sua sabedoria, considerara infeliz, não perigosa. Que fora ali armada de faca de cozinha e muito mais, além de uma refém na forma de uma aterrorizada Alice. A assistente ainda exibia a cicatriz. Alheio, levou a mão ao rosto. Por sorte não se ...

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