Livro: Adorável forasteira Página 3

... a viagem. Trataria de ignorar o comentário, assim como o homem que o fizera. — Está se sentindo bem, senhorita? — Morgan perguntou com voz preocupada. Amélia perguntou-se se deveria abrir os olhos. Não queria qualquer outro contato com o embriagado sr. Hatch. — Estou bem, Morgan — respondeu, abrindo os olhos, mas mantendo a cabeça virada na direção de seu companheiro, o grandalhão que trabalhava para sua família desde que ela era criança. — Devemos estar chegando, não acha? Morgan sacudiu a cabeça com expressão cética. — Estou começando a pensar que esta viagem nunca vai terminar. Amélia fitou-o com simpatia, pois sabia que Morgan não gostava de viajar. Ele sempre dizia que as seis semanas passadas a bordo de um vapor repleto de imigrantes, cruzando o oceano Atlântico, foram mais do que um homem precisava viajar em toda a sua vida. E, apenas por lealdade a Caroline Prescott, ele concordara em acompanhar Amélia até o Oeste selvagem. Em uma de suas cruzadas pela abstinência, muitos anos antes, a mãe de Amélia havia tirado Morgan das sarjetas de Nova York, convencendo-o a começar uma nova vida, como um homem sóbrio. Desde então, ele trabalhava para os Prescott. — O cocheiro disse que chegaríamos antes da hora do jantar — Amélia assegurou-o. A conversa despertara sua outra companheira de viagem. As longas pernas de Morgan não davam a ela mais espaço do que a postura relaxada de Gabriel Hatch proporcionara a Amélia, mas a mulher de cabelos grisalhos era tão miúda, que parecia muito bem acomodada. — Se fosse você, não levaria a sério nada do que Charlie diz, minha cara — ela falou, endireitando-se no assento e ajeitando o chapéu. — No Tennessee, diríamos que Charlie é do tipo que muito fala e pouco faz. Amélia riu, apesar das palavras da mulher não serem encorajadoras. — Veio do Tennessee? — perguntou. — Não. Faz muitos anos que não volto para casa. Moro em Deadwood, agora. Antes disso, viv ...

no Colorado e na Califórnia. Meu nome é Mattie Smith. É um prazer conhecê-la. Amélia sentiu-se mais tranqüila. Era reconfortante conhecer outra mulher naquele fim de mundo. Talvez ela e Mattie Smith se tornassem amigas, durante a sua breve estadia ali. — O prazer é meu, sra. Smith. Sou Amélia Jenks Prescott. Seu marido é mineiro? Gabriel Hatch emitiu um som estranho, recebendo um olhar duro da mulher ao seu lado. — Comporte-se, Gabe — ela ordenou em tom rígido. — Se não é capaz de perceber que a srta. Prescott é uma dama, então Deus deve ter lhe dado inteligência menor do que a de um esquilo. Além do mais, fui casada com Ezekiel Smith, que Deus o tenha. Ele dizia que ia me converter em cristã, mas não teve tempo para completar a tarefa, pois a apoplexia o levou prematuramente. Amélia olhou para Gabe, que deu de ombros. — Eu não disse nada. — Continue assim — Mattie insistiu, antes de virar-se para Amélia. — Não deixe que ele a perturbe, srta. Prescott. Geralmente, Gabe não é um mau sujeito, mas hoje, como pode ver, a dor de cabeça o está deixando louco. — E é por isso que eu deveria estar no meu quarto de hotel, dormindo tranqüilamente, Mattie. Se você não houvesse insistido em me arrastar de á… Amélia estudou-os, confusa. A sra. Smith aparentava ser uma mulher muito decente, lembrando-a de sua tia Sophie, que lhe dava doces no Natal, todos os anos. Ao mesmo tempo, a descrição de seu casamento era, no mínimo, estranha. E, por mais que tentasse, Amélia não conseguia imaginar que tipo de relacionamento poderia existir entre a sra. Smith e o dissoluto sr. Hatch. — Volte a dormir, Gabe, e deixe-me conversar com a srta. Prescott em paz — Mattie interrompeu-o com um sorriso bem-humorado. Gabe pareceu prestes a protestar, quando a diligência tombou para a direita, com um tranco para a frente, jogando Amélia sobre ele. Segurando-a com firmeza pelos braços, impediu que ela fosse arremessada contra a ...

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