Livro: Beijos Gelados Página 2

... e? Pobre Gino. Cometera um grande erro entregando os negócios à neta, na esperança de que tudo seguisse o seu curso. Aquela menina saíra de Nápo¬les para conhecer o mundo, e demorou dez anos para voltar a casa. Será que realmente estaria disposta a abandonar a dolce vita pelo trabalho árduo, a fim de conseguir colocar os negó¬cios familiares nos trilhos? Pelo que ouvira de suas fontes de Londres, Dante estava certo de que tudo o que Carenza Tonielli queria era dinheiro suficiente para comprar mais roupas de alta costura, roupas que desfilaria em festas de luxo, tomando os melhores cham¬panhes e viajando nos melhores carros. Porém, frente ao estado da empresa naquele momento, nada disso seria possível. Mas ele não a enganaria. Ofereceria um bom preço, o mesmo que oferecera ao seu avô. Dessa maneira, ela teria dinheiro para financiar o seu caro estilo de vida e ele conse-guiria uma marca que faria crescer ainda mais os seus negó¬cios. Era a situação perfeita para os dois. Com sorte, ela en¬xergaria tudo isso. — Eu estava fechando um acordo com o seu avô. Para comprar a Tonielli. — Ah. — E, como ele deixou tudo em suas mãos, imagino que deveria negociar com você. — Acho que houve um equívoco. — Você não está à frente da Tonielli? — Ah, sim, estou, claro — respondeu ela, cruzando os bra¬ços. — Mas a empresa não está à venda. Ele parecia chocado. E com razão, pois pretendia comprar a empresa do seu avô a um ótimo preço. Dante era um homem de negócios bem bonito, pensou Carenza, com os cabelos negros penteados para trás, uma generosa boca e lindos olhos escuros. Um homem sexy. Mas, ainda assim, estava interessado unicamente nos seus negócios. E ela não queria vender nada. Para ele nem para ninguém. — Você vai administrar a Tonielli? — perguntou ele. Carenza já vira aquela expressão incrédula antes. No rosto do seu antigo chefe, quando sugeriu que poderia ad¬ministrar a galeria. E isso acont ...

ceu pouco antes de deixar o trabalho, pois não permaneceria ao lado de uma pessoa que a considerava incapaz de fazer nada além de falar ao telefone ou pintar as unhas. E Dante, que ela nunca vira na vida, com certeza pensava a mesma coisa. Por que não con¬seguiam levá-la a sério? Por que era loira? Ou por que era mulher, e Dante Romano não passava de um macho italiano incrivelmente chauvinista que não conse¬guia livrar-se dos costumes dos anos cinqüenta? — Eu vou dirigir a empresa — respondeu ela, mantendo o tom de voz frio. — Como? — perguntou ele, inclinando--se na sua cadeira. — Não me insulte — retrucou ela, encarando-o e erguendo as sobrancelhas. — Signorina Tonielli, você não tem experiência e os ne¬gócios são complicados — disse ele, calmamente. — Será preciso jogo de cintura, e eu tenho experiência e equipe para fazer isso. Ele estava blefando, ela pensou, pois as coisas não esta¬vam tão ruins. Ela deu de ombros e disse: — Estamos atravessando um período de Recessão. Todo mundo está sofrendo os reflexos. — O negócio está com problemas, e acho que a causa é maior do que apenas a recessão. E a verdade é que você não tem a experiência nem a equipe necessária para colocar tudo de volta nos trilhos. — Signor Romano, você não me conhece — disse ela, cru¬zando os braços. — Está imaginando que eu não seria capaz de dirigir os negócios da minha família, negócios que foram iniciados há cinco gerações. — Na verdade, acho que você não seria capaz de tirar os negócios do vermelho e trazê-los à realidade do século XXI. — O senhor acha que sou muito burra para fazer isso? — Muito inexperiente — corrigiu ele. — E por que acha que sou inexperiente? E então, ela notou o que perguntara. Notou como pode¬ria ser interpretada. Especialmente quando o olhar de Dante passou do topo de sua cabeça em direção ao nível da mesa, depois voltando. Ele a escaneava. E, claramente, ...

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