Livro: Bodas com o inimigo Página 2

... , enquanto os últimos três anos desapareciam de sua mente, proporcionando memórias vividas de um evento beneficente freqüentado por diversos executivos da Corporação DeVasquez, da qual seu pai havia sido um. Chefe do departamento de contabilidade, André Picard tinha sido acompanhado naquela noite por sua esposa e filha, mas fora Romy quem chamara a atenção de Xavier DeVasquez. A mídia fracassara ao retratar o grau de química sexual que o homem exalava pessoalmente. Pensando agora, ela não tivera nenhuma chance. Muitos anos passados estudando para ser professora significavam uma vida social escassa, confinada principalmente à companhia de amigas no pouco tempo livre que Romy permitira a si mesma. Subitamente, ver alguém do calibre de Xavier DeVasquez expressando um interesse pessoal por ela fora excitante. Descobrir que ele queria vê-la de novo, quase inacreditável. Ele podia escolher qualquer mulher; todavia, escolhera passar o tempo com ela. Quando Romy perguntara por que, Xavier meramente sorrira e dissera que admirava sua falta de artifícios. Dozes semanas e três dias. Romy ainda podia se recordar do número de horas, dos minutos. Havia se apaixonado por ele. Rapidamente demais, ignorando a voz da razão, que dizia que aquilo não era real, não podia ser real. Uma fantasia de jantares compartilhados, risadas, teatro, um filme a que ela quisera assistir. O beijo de despedida no final da noite, e o conhecimento de que meros beijos nunca seriam suficientes. A noite em que ela fora ao apartamento dele, e, de bom grado, para sua cama. dando-lhe, inocentemente, sua virgindade, seu coração, sua alma. Então tinha ido morar com ele no dia seguinte. O caso durou três meses antes que Romy fizesse o que se tornou seu maior erro. Nos primeiros raios de sol da manhã, depois de uma noite fazendo amor, ela lhe dissera que o amava. Apenas para ter o coração destruído era milhões de pedacinhos, quando Xavier roçara os lábios em sua testa e falara ...

que ele não a amava. Fora necessário um tremendo esforço para partir calmamente, recusar os telefonemas dele, aceitar um novo cargo de professora em outro país, e tentar esquecer a existência de Xavier. Impossível, quando a imagem dele a perseguia em sonhos vividos durante as longas noites solitárias, e o nome Xavier DeVasquez, juntamente com fotografias, aparecia na mídia, relacionado com outra vitória nos negócios. Ou quando uma foto com uma linda mulher ao seu lado era exibida na sessão de fofocas. Havia sido a luta de sua mãe contra uma forma de doença progressiva, dois anos mais tarde, que levara Romy para casa sob uma licença emergencial de três meses do trabalho. Uma época incrivelmente triste, depois da qual André insistira que ela retomasse para completar o ano remanescente de seu contrato como educadora. No começo, Romy se sentira relutante em deixá-lo, mas ele conseguira convencê-la, e, com a promessa de apoio de alguns familiares próximos, tranqüilizá-la. O empenho desesperado de seu pai para garantir conforto à esposa envolvera tratamentos caros e de alta qualidade, e o fato de ele ter conseguido isso era louvável. Maxime Picard tinha ido para o túmulo sem saber do preço que seu marido pagara, ou da seqüência de eventos que se seguiria. Quem poderia ter previsto que a queda no mercado de ações enviaria André Picard para o buraco? Pior, que um homem um dia honrável se envolveria numa fraude, e depois com jogos, numa tentativa desesperada de recuperar sua segurança financeira? Até mesmo Romy poderia ter dito ao pai que aquela era uma receita para o desastre, se soubesse dos fatos na época. Exceto que somente quando seu contrato de trabalho terminara, e ela retomara para Melbourne a fim de assumir um novo cargo de professora em sua cidade, tinha descoberto a verdadeira situação de seu pai. Tudo estava vendido, inclusive o pequeno apartamento que havia substituído a casa da família após a morte de Maxime, ...

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