Livro: Uma mulher casada
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... Os olhos de Rachel eram verdes. Olhos sensuais, da cor do mar, volúveis como as águas que num momento beijam a praia, no outro destroem tudo que encontram com a força de suas ondas. Os olhos verdes de Rachel prometiam beijos, carícias, noites de amor e delírio! Rachel era casada. E estava hospedada, com o marido, naquela majestosa casa portuguesa, perturbando com sua presença feiticeira o coração do marquês Luís de Mendao. Homem fascinante, dominador, agora se sentia dominado pelos olhos, pelo corpo, pelo feitiço de Rachel. Luís a desejava, queria enlouquecer nos braços dela, mas fugia desse amor. Porque preferia morrer a seduzir a mulher de outro homem! Uma mulher casada “Rachel Trevellyan” Anne Mather CAPÍTULO I Sentia-se cansado, muito cansado. A estrada que atravessava a Cornualha não era absolutamente o que imaginava, após ter percorrido as compridas estradas de seu país, onde o trânsito era, em geral, desafogado. Aqui só conseguia avançar com grande dificuldade. Já passava das oito, a escuridão havia tombado e, para aumentar ainda mais as dificuldades, um nevoeiro vindo do mar diminuía a visibilidade, mesmo que ele recorresse a faróis potentes. Além disso, uma sucessão de subidas íngremes, das quais se avistavam abismos perigosos, obrigavam-no a manter marcha lenta e exigiam toda a sua concentração. De vez em quando, pensava que era um tolo e que não deveria ter concordado em empreender semelhante viagem naquela época do ano. Apesar de ser primavera em seu país, o inverno ainda se fazia presente no sul da Inglaterra. Sua mãe, entretanto, mostrara-se tão persuasiva que ele não tivera coragem de dizer-lhe não. Pelo visto a família de Malcolm Trevellyan fora muito bondosa para com ela, no passado, e, agora que Malcolm se encontrava doente, nada mais natural que ela tentasse retribuir semelhante bondade de alguma forma. Há muito não via sua mãe tão agitada em relação a algo e por isso havia concor ...

ado em atender a seus desejos, que deviam ser realizados com urgência. Compreendeu também que, a despeito da quase total adaptação de sua mãe ao modo português de viver, desde a morte do marido, há dois anos. Ela algumas vezes sentia-se só e carente de conversar com alguém de seu país. Consultou o relógio e imaginou que não deveria estar muito longe de Mawvry. Sua mãe dissera-lhe que a localidade ficava a uns dezesseis quilômetros de Penzance, mas, naquelas estradas e sob aquelas condições, a distância parecia-lhe muito maior. Pôs-se a pensar nas providências que havia tomado a fim de transferir Malcolm Trevellyan para Mendao, Trevellyan não era jovem e, além disso, estava com um problema de saúde. Há dois meses tivera um ataque grave de trombose, que o deixara parcialmente paralisado e, em consequência, incapaz de andar. Era, porém, capaz, de acomodar-se na parte de trás de um carro e, por isso, seu luxuoso automóvel o fora esperar no aeroporto de Londres. No dia seguinte estariam de regresso a Londres, tomariam o avião para Lisboa e chegariam a Mendao no fim da tarde. Tudo muito simples, portanto. Ele não queria permanecer por mais tempo. Tinha suas razões para querer voltar para sua propriedade o mais breve possível. Uma vez na Quinta dos Martins, Malcolm Trevellyan não precisaria de mais nada, pois sua mãe tomaria providências nesse sentido, De repente, em meio ao nevoeiro, leu claramente a palavra \\"Mawvry\\" inscrita em uma tabuleta. Suspirou, aliviado, pois finalmente havia chegado. Tudo o que lhe restava a fazer agora era localizar a casa de Malcolm Trevellyan. A aldeia era pequena e, quando estacionou o carro na pracinha e saiu, a maresia invadiu suas narinas. Devia estar muito perto do mar, mas, naquele momento, o nevoeiro ocultava tudo. Do outro lado da praça, um luminoso indicava um bar, que, pelo visto, devia contar com boa clientela, a julgar pelo barulho. Decidiu que era muito mais fácil indagar lá onde er ...

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