Livro: Amor sem compromisso - Daphne Clair Página 3

... liz se você se dignasse a dar-lhe uma atenção especial. Os lábios dela contraíram-se, cheios de desprezo. — Ele seria o último dos homens a quem eu escolheria, se estivesse interessada em escolher alguém. — E eu? Por acaso seria o penúltimo? — Não seja tolo! — replicou, irritada. Pegou alguns papéis e fingiu concentrar-se no seu conteúdo, mas na verdade observa¬va-o com o canto dos olhos. Sempre o considerara um de seus melhores amigos. Após a súbita morte de Mark, Owen dera-lhe um grande apoio e a ajudara a atravessar aquele período de sofrimento, por isso, sentira um misto de afeto e gratidão por ele. Sem Owen, teria ficado perdida, ao assumir a direcão da companhia, pois precisara enfrentar a oposição dos membros da diretoria. Quando quiseram impor a ela um papel meramente decorativo, o amigo interveio com decisão e exigiu que Stella ocupasse o lugar que lhe pertencia por direito: a presidência da empresa que seu marido fundara. Stella sempre tinha imaginado que a decisão dele fosse mo¬tivada pela lealdade à memória de Mark, a quem Owen devia a primeira oportunidade de provar sua capacidade profissional. Agora, diante de suas últimas palavras, ela sentiu um choque. O interesse dele era maior do que suspeitava? — Por que não jantarmos juntos hoje? — Owen sugeriu, de repente. — Acho que. bom, podemos ir, sim. — Stella tentou parecer natural, mas era evidente que se sentia pouco à vontade. Ficou aliviada quando June bateu à porta e entrou com a correspon¬dência. — Com licença um minuto, Owen. — Deu algumas ins¬truções à secretária e dispensou-a com um sorriso. Owen pigarreou e segurou o nó da gravata, tentando ajeitá-la melhor, mas tudo o que conseguiu foi dar-lhe uma aparência mais esquisita ainda. Antes daquela conversa, ela teria ido em seu auxílio, mas o constrangimento impediu-a de tomar qualquer atitude. A perspectiva de jantarem juntos começou a incomoda-Ia. Embora já tivessem saído muitas ...

vezes, não saberia como tratá-lo agora. June bateu à porta de novo. — O sr. Langford está aqui, sra. Rawson. — Obrigada, June. Entre, sr. Langford. A secretária afastou-se para dar passagem a um homem alto, jovem e de cabelos escuros. Os olhos dele eram azuis, mas não tinham a mesma tonalidade dos de Stella; possuíam um colorido mais profundo, mais denso, que se aproximava do cinza. Russ Langford usava um terno azul, de corte impecável, e, a seu lado, Owen parecia ainda mais deselegante. — Lembra-se de Owen Armstrong? — Stella perguntou, en¬quanto os dois homens davam-se as mãos. — Sente-se, por favor. Ele ocupou a poltrona ao lado de Owen. Seus gestos tranquilos indicavam que se sentia perfeitamente à vontade. — Pedi a Owen que o colocasse a par dos aspectos financeiros do primeiro projeto que estará sob sua responsabilidade, sr. Langford. Mais tarde, eu mesma o acompanharei aos outros depar¬tamentos para apresentá-lo aos membros da minha asseasoria. Os olhos azuis observaram-na surpresos. A voz, porém, soou perfeitamente natural: — Obrigado, sra. Rawson. É muita gentileza sua. — Não se preocupe em agradecer. Este é o procedimento ha¬bitual para com todos os novos contratados — ela explicou. Em sua voz havia um acento vagamente irônico. Ele não se perturbou. Durante um longo momento, continuou a fitá-la, antes de voltar-se para Owen e concentrar-se nas ex¬plicações dele. Russ ficaria responsável pelo projeto que visava a dar assis¬tência aos fazendeiros através de um complexo sistema de com¬putadores. As mais variadas informações sobre reprodução do gado, rações, preparação do solo para plantio, entre outras, se¬riam fornecidas, com o objetivo de alcançar melhores índices de produção. Stella estava certa, ao se referir à experiência de Russ Langford no setor. Durante dois anos, tinha trabalhado em uma fa¬zenda no Canadá, que fora a pioneira na utilização de computa¬dores, tanto na agri ...

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