Livro: Anjo do Oeste Página 3

... obre uma perna, bem à soleira do trailer, enquanto a outra obstruía o cami¬nho de Jane. Ela avançou pelo caminho, com a dor que o movimento lhe causava estampada na face, já que cada passo forçava suas costas. Então agarrou o tornozelo de Todd e levantou-o com firmeza, fazendo com que ele caísse desajeitadamente para trás. Jane bateu a poeira das mãos e continuou andando, ao mesmo tempo em que retribuía o amplo sorriso que recebeu de dois cowboys que passaram por ela naquele instante. Tim Harley, um homem de meia idade, era o capataz da fazenda. Ele a esperava junto ao portão enquanto cui¬dava de Bracket, um cavalo de pêlos dourados com crina e cauda brancas. O belo animal seria a montaria de Jane naquela noite. Tim segurou Bracket e repreendeu Jane, que fez uma careta de dor, devido ao esforço de subir no cavalo. — Você não deveria tentar montar. Ainda é muito cedo! — ralhou Tim. — Papai montaria — replicou Jane. — Jacobsville era sua cidade-natal e também é a minha. Eu não me recusaria a receber uma homenagem em nome do meu pai. O rodeio de hoje é dedicado a ele. — Você poderia receber a homenagem a pé ou de charrete — argumentou Tim. Jane estreitou o olhar. — Escute aqui, eu não nasci aleijada! — Ah, menina teimosa! — desistiu Tim. O som da banda que começara a tocar de repente chamou a atenção de Jane e assustou Bracket. Enquanto acalmava o cavalo, ouviu a aproximação de passos furiosos vindos do corredor formado entre os trailers e a arena. Por sorte, antes de o cowboy de cabelos claros se aproximar, outros cowboys juntaram-se a Jane em frente ao portão, cobrindo-a estra¬tegicamente como em uma formação de desfile. A competição juvenil finalizou o espetáculo do fim da tarde. A premiação já fora anunciada e entregue aos ven¬cedores. A banda começara a tocar uma típica música texana e os portões se abriram. Jane conduziu Bracket num trote lento e suave, mas mesmo assim viu-se mordendo o l� ...

bio inferior, de tanta dor nas costas. Não sabia se conseguiria dar a volta na arena, mas iria tentar. Com um sorriso pálido, tentava parecer feliz ao ace¬nar para o público com seu chapéu branco de cowboy. A maior parte daquelas pessoas conhecera seu pai. Elas tam-bém a conheciam, pois tornara-se uma lenda nas corridas de rodeio antes de ser forçada a se afastar, com vinte e quatro anos. Seu pai costumava dizer que quando ela mon¬tava parecia estar no paraíso. Jane tentava não pensar na última vez que o vira. Queria lembrar-se dele como sempre fora em vida. — Ela não é bonita como uma pintura? — Bob Harrys dizia do palanque da imprensa. — Senhoras e senhores, srta. Jane Parker, duas vezes campeã mundial em corri¬das de rodeio e a melhor em todas as modalidades da divisão feminina no ano passado! Como vocês sabem, ela está afastada dos rodeios agora, mas não perdeu o porte de campeã! Quando chegou perto do palanque, Jane sentiu a vista turvar e fez um esforço sobre-humano para não desmaiar de dor nem cair da sela. Quando sentiu a vista clarear, viu Bob descendo do palanque e andando em sua direção. Trazia nas mãos uma placa comemorativa de metal, provavelmente com inscrições homenageadoras. — Não tente descer — disse Bob num tom baixo, tapando o microfone. Entregou então a placa, erguendo-a até Jane. — Querido público — continuou Bob ao microfone —, como vocês sabem, Orem Parker morreu no início do ano, em um acidente de automóvel. Ele foi o melhor em todas as com¬petições do nosso rodeio durante quatro anos, e campeão mundial de laço duas vezes. Tenho certeza de que todos vocês compartilham a tristeza desta perda. Por isso, também devem concordar em dedicar este rodeio em memória da¬quele campeão, presenteando Jane com esta placa em honra da incomparável carreira de seu pai, como grande laçador e incrível cowboy de rodeio! Srta. Jane Parker, senhoras e senhores!" Toda platéia se manifestou com ...

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