Livro: Anjo do Oeste Página 2

... o.Uma voz masculina fez um comentário compadecido. Todd, enfurecido pelo tom autoritário e definitivo daquela voz feminina, esperou que a mulher aparecesse, sentindo a raiva crescer dentro de si. Quando ela apareceu, deixou-o surpreso. A loira alta que dissera aquelas palavras sobre Cherry Burke estava apenas se gabando de seu próprio progresso constante. Pela primeira vez em meses, Jane Parker andava sem a cadeira de rodas ou as muletas. Orgulhava-se por seus esforços em dissimular o andar imperfeito estarem dan¬do certo. Sentia-se descansada depois de haver repousado todo o dia. Assumira uma postura ereta com extremo cuidado para não forçar as costas. Graças a isso, poderia participar da homenagem da noite, no Rodeio Anual de Jacobsville, e esperar até o momento da comenda, quando receberia uma placa dedicada a seu pai. Tim a repreendera por aceitar montar na ocasião, mas não adiantara. Afinal, era filha de um cowboy. Seu orgulho jamais permitiria que ela entrasse naquela arena em uma charrete. Antes da homenagem, Jane resolvera assistir a compe¬tição juvenil da corrida de rodeio. No passado, essa havia sido sua especialidade. Ganhara troféus em sua categoria, neste e em outros rodeios do Texas, desde o primário. Uma competidora em particular chamou sua atenção e Jane cri¬ticou o estilo de corrida da garota durante a conversa que mantivera com um dos cowboys que andava pelo local. Era uma pena que aquela menina não tivesse alcançado premiação, mas não fora surpresa. Ela tinha medo das curvas. Isso ficava evidente pelo modo como puxava as rédeas e diminuía a marcha do cavalo. A garota devia ser nova no rodeio. Jane jamais ouvira o nome dela antes. Ali no sul do Texas, onde passara toda sua vida, conhecia todos que participavam de rodeios. Ela sorriu para o cowboy e continuou andando, balan¬çando a cabeça com ar de lamentação. Jane não estava realmente olhando para onde ia. Tentava ajeitar as franjas de sua jaqueta branca de co ...

boy, quando uma grande bota cruzou seu caminho, fechando a estreita passagem entre os trailers estacionados próximos à arena. Em seguida, bateu com firmeza na guarnição metálica da arena do rodeio, in¬terrompendo-a. Assustada, Jane olhou para baixo, deparando-se com um par de olhos acinzentados de brilho metálico. O rosto magro, mas atraente, era emoldurado por fartos cabelos claros. O cowboy sentado à porta do trailer torcia sem parar um punhado de feno entre os dedos fortes. Sem que tivesse tempo de reagir, Jane viu-se atingida por duras palavras: — Escutei o que você disse àquele cowboy sobre a corrida de Cherry Burke — disse ele friamente. — Quem diabos você pensa que é para criticar uma amazona da categoria de Cherry? Jane arqueou as sobrancelhas. Ele não era conhecido nos rodeios do Texas. Disso tinha certeza, pois ela e o pai cir¬culavam nesse meio há anos. — O que disse? — Quem é você afinal, alguma modelo? — perguntou Todd, com raiva. — Parece uma dessas loiras de capa de revista masculina — acrescentou enquanto seus olhos acentuavam o desrespeito em seu tom de voz. — É na¬morada de algum competidor ou faz parte da diversão entre os cowboys? Jane não esperava o ataque direto de um total estranho. Ficou estupefata diante dele, surpresa demais para reagir. — Questões com mais de uma sílaba são muito compli¬cadas para você? — insistiu Todd. A pergunta fez com que ela despertasse do choque inicial. Seus olhos azuis brilharam de raiva. — Engraçado, pensei que perguntas desse tipo fossem as únicas que você fosse capaz de fazer — ela disse num tom suave e educado. Olhou para a perna dele, que conti¬nuava a bloquear seu caminho. — Tire sua perna daí, se não quiser vê-la quebrada, cowboy. — Por uma dondoca como você? — caçoou Todd. — Aí é que você se engana. Não sou nenhuma dondoca. A posição em que ele se encontrava não oferecia muito equilíbrio. Estava abaixado, apoiando-se s ...

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