Livro: Algo Escandaloso Página 4

... a de um pretendente à sua mão. boato ao qual Elizabeth dera início e que alimentava. Entretanto, algumas pessoas podiam ter descoberto a verdade. Por fim o silêncio caiu sobre a casa enquanto, com um suspiro, Elizabeth se sentava no sofá de brocado. Não lembrava de já ter se sentido tão cansada. Pegando o cálice com xerez, tomou um gole. Encostou a cabeça no espaldar e fitou o teto ornamentado da saleta. Fechou os olhos e ouviu o barulho dos cascos dos cavalos que passavam na sua rua. Em breve, porém, aquela não seria mais sua rua, e aquele não seria seu lar. Precisava tomar alguma providência, mas, àquela altura, praticamente não tinha opções. No dia seguinte, Richard e Caroline retornariam. Dessa vez, sem dúvida, com um advogado a tiracolo. Elizabeth podia compreender seus motivos. ganância e posição social. Porém a casa não lhes pertencia, e ela faria de tudo para mantê-los à distância. Jamais confiara em Caroline e, nos últimos tempos, duvidava da capacidade de raciocínio de Richard. Nos últimos quatro meses, ele passara tempo demais na jogatina, e perdera muito dinheiro. As vezes Elizabeth se questionava se o novo duque tomara conhecimento sobre sua herança. Fazia dez meses que seu pai havia morrido, e ela nunca recebera nem sequer uma mensagem do primo distante, Edward. Claro que ele não era seu primo de verdade. Elizabeth reabriu os olhos e fitou a lareira apagada. Precisava encontrar o diário secreto de sua mãe antes que Richard e Caroline descobrissem uma maneira legal para despejá-la ou que Edward chegasse à Inglaterra. Sua mãe tivera vários diários, e nenhum deles continha a informação que Elizabeth buscava. Um deles, porém, fazia referência a um outro diário escondido, e era esse que ela precisava encontrar. Necessitava saber a verdade. Porem, será que o tal diário ainda existia? Quem sabe seu pai o encontrara e o destruíra. ou sua mãe o dera a alguma amiga íntima para que o guardasse. Elizabeth d ...

vidava dessas duas explicações. Sua mãe morrera logo após um acidente de carruagem, portanto não teria tido tempo de entregar o diário para uma amiga. Quanto a seu pai, nunca parecera muito interessado no assunto. Talvez já soubesse o nome do amante da esposa. Elizabeth já checara as outras residências da família, e no momento só faltava verificar alguns cômodos ali na casa. Devia existir algum compartimento secreto, alguma gaveta oculta. Afastou as lágrimas com fúria. Recusava-se a chorar por causa do nome de seu verdadeiro pai. Aos olhos da elite, ela era e sempre seria lady Elizabeth Kendal. — Lady Elizabeth? — chamou um criado. — A srta. Reynard está aqui para vê-la. Por que Sophie estaria ali àquela hora tardia? — Faça-a entrar e traga chá com bolinhos. — Sim, senhorita. Elizabeth se recompôs enquanto esperava pela querida amiga. — Elizabeth, graças a Deus que está aqui e não no baile de lady Tavistock! Sophie entrou na sala e se deixou cair sobre o sofá, removendo o chapéu e revelando os cachos escuros. — Algum problema? — perguntou Elizabeth. solícita. — Não tenho certeza. Tive uma visão e precisei vir imediatamente. — Segurou a mão de Elizabeth com força e fechou os olhos. — Eu estava certa — murmurou. — Certa sobre o quê? — Elizabeth franziu a testa. — Algo está para acontecer. Um homem vai entrar na sua vida — murmurou Sophie. Elizabeth sorriu. No último ano Sophie adquirira uma boa reputação como médium e casamenteira. Até conseguira maridos para suas outras boas amigas, Avis e Jennette. — Tem certeza? Isso é bom? Sophie balançou a cabeça. — Não sei. Sinto que há algo muito errado. Esse homem vai virar sua vida de cabeça para baixo. E temo que lhe traga muito sofrimento. — O que quer dizer? — Oh, como eu gostaria que minhas visões fossem mais claras! — exclamou Sophie, evitando fitar Elizabeth. — Esse homem virá com crianças. Muitas. O duque. El ...

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