Livro: O grande prêmio do amor Página 5

... a lembrança dele que a ajudaria a enfrentar os dias vazios do futuro. — Por favor, Carla, fique comigo. . . Prometo que não vou morrer. . . Não vou deixar você. Por entre as lágrimas, ela sorriu. Desesperadamente queria acreditar naquela promessa feita com tanto esforço. Acariciou-lhe o rosto e beijou-o novamente. Seus cabelos castanho-claros soltaram-se dos grampos com que os prendera na nuca e roçaram a face de Rick. Apressada, tentou segurá-los atrás das orelhas. — Deixe assim — pediu ele baixinho. — Senti tanta falta deles no travesseiro ao meu lado ou. . . Acariciando-me quando fazíamos amor — conseguiu acrescentar. Em seguida caiu num sono profundo. Meio hesitante e com suavidade, Carla cobriu-lhe o rosto de beijos. Depois se sentou na cadeira ao lado, segurando-lhe a mão através das grades. Angustiada, rezou por um milagre. Finalmente adormeceu também, mas um sono leve e atormentado por pesadelos. De vez em quando acordava e sua vida com Rick desfilava pela mente angustiada. Há sete anos Carla tinha terminado o curso de administração de empresas na Universidade de Washington. Os tios, que moravam em Las Vegas, a haviam convidado para passar duas semanas com eles antes que assumisse o emprego que conseguira em Los Angeles. Depois dos anos em que morara naquele estado chuvoso, a perspectiva de passar quatorze dias no ensolarado Estado de Nevada era muito boa. Ao chegar ao aeroporto, procurou com o olhar a figura da tia, cujos cabelos prateados e a altura de um metro e oitenta não poderiam passar despercebidos. Mas não a encontrou. "Estranho, tia Maureen jamais se atrasa", pensou apreensiva. O melhor era ir esperar a bagagem e, quando a apanhasse, se a tia ainda não tivesse aparecido, telefonaria para saber a razão. Encaminhou-se por entre o enorme grupo de pessoas que enchiam o local em direção do terminal de bagagem. Sentia-se sufocar com o calor, embora vestisse um terninho de linho e o aeroporto tivesse ar-condicionad ...

. Havia se esquecido de que, naquele clima de deserto, qualquer coisa com mangas compridas era insuportável. Parou, tentando segurar a bolsa, a frasqueira e a máquina fotográfica e ao mesmo tempo tirar o casaquinho. — Posso ajudá-la? — ofereceu uma voz masculina. Levantou os olhos e deparou com um rapaz alto, de cabelos escuros, que lhe impedia a passagem. As feições bem delineadas eram acentuadas por um meio sorriso num dos cantos da boca. Carla irritou-se com a autoconfiança quase arrogante daquela atitude. O rapaz parecia certo de que a oferta magnânima seria aceita com presteza e gratidão. Mas a última coisa de que ela precisava era um conquistador de aeroporto. Não chegava os que ela tivera que agüentar na faculdade durante os anos de estudo? Infelizmente não conseguia ver os olhos do rapaz, o que a ajudaria a decifrar as intenções dele. Nos óculos escuros espelhados que ele usava só viu refletida a própria imagem, que, aliás, era de uma moça despenteada, com visíveis sinais do cansaço da viagem. Irritou-se ainda mais. O que será que queria com ela? E por que usava óculos ali dentro? Será que pensava que eles os tornavam atraentes? Não importava a razão, o fato era que não estava disposta a enfrentar esse tipo de Romeu, mesmo sendo charmoso. Ainda mais que se metia a conquistar mulheres desacompanhadas num aeroporto. Depois de ver novamente sua imagem refletida nas lentes escuras, chegou à conclusão de que aquele rapaz não podia estar interessado numa moça cuja aparência deixava tanto a desejar. Será que ele não era batedor de carteiras? Fosse qual fosse á razão que o motivara, não queria e não devia aceitar a oferta. — Obrigada, mas posso me arranjar sozinha — disse num tom de voz um tanto brusco. — Como queira — respondeu ele, saindo do caminho e aceitando a recusa tão prontamente que Carla se surpreendeu. Depois que conseguiu se livrar do casaquinho passou pelo rapaz e foi encostar-se a uma grade à ...

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