Livro: O grande prêmio do amor Página 3

... ubera que essa seria a atitude que tomaria se algo acontecesse a Rick. Como se falasse consigo própria acrescentou: — Só peço a Deus que não seja muito tarde. Consultou o relógio e viu que não teria tempo para pegar a última balsa que deixava a ilha. — Steve — disse com a voz firme de quem havia tomado uma resolução. — Só há uma maneira de sair daqui a esta hora. É por hidroavião. — Diga ao piloto para levá-la a Bellingham. Lá, um amigo meu a transportará a Seattle. Chegando ao aeroporto, vá direto ao balcão da United, onde encontrará uma passagem para Los Angeles que vou providenciar. Embora soubesse que precisava se apressar, mesmo depois de ter acertado todos os detalhes, Carla não conseguia desligar. A intuição a avisava de que não devia perguntar nada, mas as palavras saíram: — Rick está mesmo muito mal, Steve? — Por favor, Carla, apresse-se e chegue aqui o mais rápido possível. Essas últimas palavras ficaram ecoando em seus ouvidos até muito tempo depois de ter desligado o telefone. O choque do telefonema e as providências rápidas para conseguir chegar a Bellingham fizeram com que Carla se sentisse aliviada com o barulho do monomotor do amigo de Steve, que a estava levando a Seattle. Assim, pelo menos não precisava puxar conversa e podia ficar a sós com a sua dor, sem parecer, indelicada. Logo que encontrara o piloto, um ex-mecânico de carros de corrida sentiu-se mal. ao ouvi-lo dizer que Rick havia sido um, grande corredor e uma pessoa incrível. Sabia que ele era bem-intencionado, mas expressava-se como se Rick já tivesse morrido. Isso era insuportável. Embora freqüentemente temesse esse desfecho, não podia imaginá-lo com fraturas e hematomas numa cama de hospital, rodeado por tubos transparentes e aparelhos que lhe injetavam, no corpo inerte, vida artificial. Não conseguia visualizá-lo na Unidade de Terapia Intensiva, onde uma combinação de odores estranhos resultava num inesquecível perf ...

me de morte. Aliás, não conseguia ver o rosto de Rick. O semblante que teimava em aparecer em sua mente não era o dele, mas sim o de Bobby. Carla tinha passado cinco longos dias num hospital, assistindo à morte vagarosa do irmão caçula. A tensão e as violentas emoções que experimentara jamais se apagariam de sua memória. Bobby também fora vítima das pistas de corrida e da força estranha que compele certos homens e mulheres a arriscarem tudo na procura da perfeição. Havia certo misticismo nisso. Com um tanto de arrogância, eles exigiam da vida um quinhão maior. Para Carla, isso era incompreensível. Ela era irmã de um desses homens e se apaixonara por outro. Portanto, fazia parte do rol dos simples mortais a quem não restava qualquer alternativa a não ser esperar, rezando para que retornassem vivos de suas aventuras. A espera por Bobby tinha sido muito curta, pois ele desaparecera aos vinte e três anos. No caso de Rick, apenas alguns poucos anos mais, já que ele contava agora com trinta e dois. "Injustiça desgraçada" a pensou enquanto as lágrimas corriam livremente, embaralhando a visão das luzes lá embaixo. Ao se aproximarem do aeroporto, Carla percebeu que ainda era noite fechada em Los Angeles. Steve a esperava com um batedor da polícia e, após as palavras de rotina, levou-a para o carro. Ela sorriu tristemente para o velho e bom amigo, mas sentiu a mesma hostilidade que marcara a despedida de ambos, três anos antes. Naquela ocasião, Steve a tinha acusado de egoísta por abandonar Rick quando ele mais precisava dela. Embora tivessem quase a mesma idade, os dois homens apresentavam um contraste absoluto. Steve possuía um físico enorme, desde os ombros largos e musculosos até as mãos muito grandes. Quem não o conhecesse se intimidaria com o olhar duro, mas relaxaria ao vê-lo sorrir. Ao ser apresentada a ele, Carla se amedrontara com a sua estatura e com o seu olhar sério. Entretanto, não levara mais que alguns dias pa ...

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