Livro: Silêncio de um bem-querer
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... Como aceitar uma paixão sem amanhã? Trêmula, com o coração batendo forte, Grace mal conseguia fitar Demetrius. O brilho daquele olhar a deixava sem respiração. Ele a queria e não se preocupava em esconder o desejo. "O que eu faço? Como resistir a essa atração avassaladora?", Grace se perguntava. Mas não tinha resposta à pergunta. Demetrius fazia agora parte de todo seu ser. \'\'Só que o mesmo não acontece com ele. No momento em que nos amarmos serei abandonada. Para sempre!" Copyright: Claudia Jameson Título original: Playing Safe Publicado originalmente em 1988 pela Mills & Boon Ltd., Londres, Inglaterra Tradução: Márcia Torcatto Copyright para a língua portuguesa: 1989 EDITORA NOVA CULTURAL LTDA. Impressa na Divisão Gráfica da Editora Abril S.A. Digitalização: Vicky B e Revisão: Cris Bailey CAPÍTULO I Numa manhã fria, Grace Allinson estava sentada confortavelmente na poltrona de couro da ante-sala do salão de be¬leza, lendo o jornal do dia. Aproveitara para descansar um pouco de seus afazeres, pois teria um dia cansativo. Inúme¬ras freguesas haviam marcado hora para os mais diferentes tratamentos de beleza. Virando uma das páginas do jornal, fixou-se na seção de anúncios, e pouco depois seus imensos olhos azuis brilharam ansiosos. Acabava de ler um anúncio que a interessava: um carro BMW de segunda mão. Mas isso não era tudo: a ofer¬ta falava num automóvel seminovo, pouquíssimo usado e, melhor ainda, por um ótimo preço. Era tudo que podia querer, e sempre sonhara com um au¬tomóvel como aquele, um carro de classe. Entretanto, pen¬sava, um pouco temerosa, em como iria mantê-lo. Um veículo desses exigiria uma manutenção cara, e ela temia que o di¬nheiro que conseguia no salão, ainda comprometido com mil outros itens, fosse insuficiente para esse luxo. Pensou ainda que, pela mesma quantia, poderia comprar um carro novo, ainda que de outra marca, mas muito menos charmoso. Retornando à re ...

lidade, Grace decidiu que o assunto do carro ficaria para depois. Agora havia coisas mais urgentes a resolver. Comprara o salão recentemente e com ela traba¬lhavam duas esteticistas bastante qualificadas, com quem de fato podia contar: Mavis e Jillian. Nesse preciso instante, Mavis entrou sorrindo e estreme¬ceu sob o contraste de temperatura ao fechar a porta. — Como está frio lá fora! — É o vento que está terrível. Não sei o que aconteceu este ano para estar assim tão frio. De fato era um tempo estranho para aquela época do ano. O inverno começara no meio de novembro, e, em pleno fe¬vereiro, ainda estava gelado. Já chovera muito, geara, nevara, uma neblina terrível cobrira a região e agora esse vento sem fim, cortante, que chegava a machucar a pele, deixando a todos deprimidos. Esse era o tema principal das conversas das clientes, sobrepujando todos os assuntos, até os mais ín¬timos. No princípio, fora uma grande surpresa para Grace perceber como não se constrangiam em falar sobre fatos ín¬timos da família e problemas pessoais. Talvez porque aquele fosse um momento em que se sen¬tiam mais relaxadas, enquanto cuidavam de si mesmas. Fos¬se o que fosse, Grace combinou com as funcionárias que nada do que fosse dito no salão seria revelado lá fora, pois, se se envolvessem nesse círculo de falatórios, o salão poderia per¬der as clientes. — Grace? O que está havendo? — perguntou Mavis es¬piando o livro de apontamentos. — Nada, nada. Estou um pouco distraída hoje — Grace admitiu com um sorriso. A relação que mantinha com as funcionárias era tranqüi¬la e cordial, e a atmosfera no salão era amigável. Esse mes¬mo clima era perceptível na decoração, toda em tons pastéis com detalhes clássicos, que ajudavam a relaxar. Nesse momento, um forte e delicioso aroma de café per¬passava o ar. Era Jillian quem o preparava na pequena cozinha. — Cliente nova? — Mavis apontou um nome, marcado para as nove e meia ...

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