Livro: Aurora sem dia
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Autor - Fonte: Machado de Assis
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...
Machado de Assis
Fonte:
ASSIS, Machado de. Histórias da meia-noite. São Paulo : LEL, [s.d.]. p. 176-246. (Coleção obras
ilustradas de Machado de Assis, v.1).
Texto proveniente de:
A Biblioteca Virtual do Estudante Brasileiro
A Escola do Futuro da Universidade de São Paulo
Permitido o uso apenas para fins educacionais.
Texto-base digitalizado por:
Jacqueline Rizental Machado – Curitiba/PR
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AURORA SEM DIA
Naquele tempo contava Luís Tinoco vinte e um anos. Era um rapaz de estatura meã, olhos
vivos, cabelos em desordem, língua inesgotável e paixões impetuosas. Exercia um modesto
emprego no foro, donde tirava o parco sustento, e morava com o padrinho cujos meios de
subsistência consistiam no ordenado da sua aposentadoria. Tinoco estimava o velho Anastácio e
este tinha ao afilhado igual afeição.
Luís Tinoco possuía a convicção de que estava fadado para grandes destinos, e foi esse
durante muito tempo o maior obstáculo da sua existência. No tempo em que o Dr. Lemos o
conheceu, começava arder-lhe a chama poética. Não se sabe como começou aquilo. Naturalmente
os louros alheios entraram a tirar-lhe o sono. O certo é que um dia de manhã acordou Luís Tinoco
escritor e poeta; a inspiração, flor abotoada ainda na véspera, amanheceu pomposa e viçosa. O rapaz
atirou-se ao papel com ardor e perseverança, e entre as seis horas e as nove, quando o foram chamar
para almoçar, tinha produzido um soneto, cujo principal defeito era ter cinco versos com sílabas de
mais e outros cinco com sílabas de menos.
...
inoco levou a produção ao Correio Mercantil, que a
publicou entre os a pedido.
Mal dormida, entremeada de sonhos interruptos, de sobressaltos e ânsias, foi a noite que
precedeu a publicação. A aurora raiou enfim, e Luís Tinoco, apesar de pouco madrugador, levantouse
com o sol e foi ler o soneto impresso. Nenhuma mãe contemplou o filho recém nascido com mais
amor do que o rapaz leu e releu a produção poética, aliás decorada desde a véspera. Afigurou-se-lhe
que todos os leitores do Correio Mercantil estavam fazendo o mesmo; e que cada um admirava a
recente revelação literária, indagando de quem seria esse nome até então desconhecido.
Não dormiu sobre os louros imaginários. Daí a dois dias, nova composição, e desta vez saiu
uma longa ode sentimental em que o poeta se queixava à lua do desprezo em que o deixara a amada,
e já entrevia no futuro a morte melancólica de Gilbert. Não podendo fazer despesas, alcançou, por
intermédio de um amigo, que a poesiafosse impressa de graça, motivo este que retardou a
publicação por alguns dias. Luís Tinoco tragou a custo a demora, e não sei se chegou a suspeitar de
inveja os redatores do Correio Mercantil.
A poesia saiu enfim; e tal contentamento produziu no poeta que foi logo fazer ao padrinho
uma grande revelação.
– Leu hoje o Correio Mercantil, meu padrinho? perguntou ele.
– Homem, tu sabes que eu só lia os jornais no tempo em que era empregado efetivo.
Desde que me aposentei não li mais os periódicos.
– Pois é pena! disse Tinoco com ar frio; queria que me dissesse o que pensa de uns
versos que lá vêm.
– E de mais a mais versos! Os jornais já não falam de política? No meu tempo não
falavam de outra coisa.
– Falam de política e publicam versos, porque ambas as coisas tem entrada na imprensa.
Quer ler os versos?
– Dá cá.
– Aqui estão.
O poeta puxou da algibeira o Correio Mercantil, e o velho Anastácio entrou a ler para si a
obra do afilhado. ...
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Comentários:
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