Livro: Calor Selvagem Página 2

... Por que da ultima vez que ela esteve em Tahoe, foi no aniversário de seu irmão. Dois meses atrás, ele tinha tido o seu momento nas montanhas, combatendo incêndios, resgatando bebês, atingindo as encostas quando a neblina estava baixa. Imagens do irmão dela e de seu pai vieram na cabeça dela, enquanto ela segurava a maçaneta como se fosse a sua tábua de salvação. Judd Jackson também tinha sido bombeiro. Um hotshot, um das elites que apagavam o fogo, enquanto todo mundo corria. Quando criança o tempo tinha sido marcado na presença de seu pai. Por seis meses ele esteve presente. Fazendo o café-da-manhã dela. Levando-a para escola. Jogando bola com ela e com Tony no quintal até que eram chamados para o jantar. Ela amava dormir em volta do som de sua voz quando lia uma história dos livros, depois os fechava e inventava histórias ainda melhores. Por outros seis meses do ano ele tinha ido. Combatendo os piores incêndios que já tinha visto. O caminhão indo a Ojai, Califórnia. O cerco em 1987 em Oregon. Judd Jackson era o herói nacional, uma e outra vez. Maya conhecia crianças de pais hotshot que as deixava um dia com um sorriso e a moto serra e não voltavam mais. Ela aprendeu temer cada telefonema no meio da noite e visitantes inesperados na porta da frente. O pai dela sempre voltava, obrigada Deus. Mas, ele não podia aguentar uma tosse mais forte. E então, um ano atrás ele foi diagnosticado com um câncer maligno. Todos esses anos cheirando cinzas e fumaça preta cobrava seu preço. Ela ainda estava se recuperando da morte de seu pai, quando o chefe de Tony telefonou. Um Jackson a menos no mundo. Talvez, ela pensou, se ela e Tony tivessem uma relação não muito boa como ela via seus amigos, não teria se machucado tanto. Mas, ele nunca tinha sido o tipo de irmão mais novo que perturba e desarruma suas coisas, e mesmo ela sendo quatro anos mais velha que ele, não o tratava como um bebê. Eles eram amigos bem como irmãos. Sua mã ...

, Martha, tinha vivido entre alfinetes e agulhas desde que seu pai saia para combater o fogo. E desde que organizações e detalhes não era o seu ponto forte, na melhor das circunstâncias, Maya tinha sido encarregada de certificar-se de que Tony se inscrevesse nas equipes e que seus projetos escolares estavam feitos. Era legal ser necessária, então ela não se incomodava realmente de tomar conta de seu irmão. E depois, quando seu pai morreu, tudo virou de ponta cabeça, e Tony que tomou conta dela. Agora ele havia morrido também. Ela ainda não tinha chorado. Como ela poderia quando sentir o seu peito como um bloco de gelo? Suas amigas tentaram dizer que as coisas ficariam bem, mas nenhuma realmente entendia. O namorado dela, Dick, era bombeiro em São Francisco, estava completamente fora de sua profundidade. Ele praticamente pareceu aliviado quando ela disse que eles precisavam dar um tempo. E, Martha estava completamente destroçada, alternando em chorar e dormir. Não tinha ninguém mais para pegar as coisas de Tony. Somente Maya. Ela fez uma lista, ela sabia que precisava empacotar as roupas de Tony para dar, reunir as cartas e fotos importantes, fechar suas contas bancárias, recolher suas correspondências, e dizer a todos que Tony amava – e todos que o amavam – que ele tinha morrido. Mas, ela não conseguia se mover. Não tinha força nem de entrar na casa de Tony. Desespero a rasgou. Tudo o que ela queria era fechar os olhos e esquecer tudo por um segundo. De alguma maneira, alguma forma, ela precisava ir para longe dessa dor que a estava rasgando em duas, precisava esquecer tudo. Não somente que ela e sua mãe foram as únicas que restaram. Maya precisava esquecer seu nome, quem ela era. Ela não tinha bebido muito, nunca o fazia, e ela nunca usava o álcool como libertação. Mas, agora que Tony estava morto mudava tudo. Ela mudava. Ela fechou a porta sem ainda ter colocado um pé na casa, passando pelo carro na garagem, descendo a r ...

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