Livro: Coração proibido
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... CAPÍTULO I Laura olhou o relógio de pulso. Grace estava mais de meia hora atrasada. Conformada, pediu mais um licor. O que teria acontecido com a amiga? Grace costumava ser pontual. Olhou ao redor. O restaurante estava cheio, era hora de almoço. Homens de negócios conversavam animadamente. Mulheres elegantes sorriam e se comportavam com extrema discrição. Laura prestava atenção, examinando cada detalhe. Seus olhos de um azul profundo, quase violeta, apreciavam os movimentos das mãos cobertas de jóias, os homens apertando os charutos ou cigarros entre os dedos. Cuidadosamente, fixou em sua mente aqueles gestos e expressões. Quem sabe qualquer hora pudesse usar isso em suas ilustrações. Olhou outra vez para a porta à procura da amiga, mas… nada. Então, voltou a atenção para o casal sentado à sua esquerda. A mulher estava vestida na última moda, e embora usasse vermelho e tivesse cabelos ruivos, nela as duas cores se harmonizavam. Mas foi o homem que prendeu por mais tempo o olhar de Laura. Ele sorria para sua companheira de uma maneira tão quente e sensual que Laura sentiu-se atraída pela cena. A boca do rapaz era tão atraente que ela chegou a imaginá-la pressionando a sua, numa promessa de prazer. Balançou a cabeça querendo evitar esses pensamentos loucos, mas não conseguiu desviar o olhar. O rapaz era o único homem ali de roupa esporte, e, no entanto parecia mais elegante que qualquer outro. Era o tipo do homem sedutor, irresistivelmente sedutor… Quem seria? Moreno, os cabelos ligeiramente ondulados, caindo displicentemente na testa. Parecia conhecer todo mundo e muitas vezes levantava o rosto para conversar com pessoas que chegavam perto da mesa onde estava. Como se um sexto sentido o prevenisse de que alguém o observava, ele se virou e encontrou o olhar de Laura. Ela ficou sem jeito ao enfrentar aqueles olhos cinzentos, frios e interrogativos. Sentiu o rosto corar e fixou a atenção em outro ponto da sala. Para sua sorte, vi ...

Grace aproximando-se da mesa. Ainda sentia o olhar do rapaz voltado para ela, mas procurou ocupar-se com a amiga. — Está atrasada, hein? — Nem fale… Os advogados demoraram tanto que tinha vontade de gritar! Ainda precisei ligar para Kate, para saber se estava tudo bem com as crianças. Como se não bastasse, enfrentei um trânsito daqueles para chegar aqui. Desculpe, Laura. — Grace estava sem fôlego e tinha os olhos vermelhos e inchados. — Não tem importância. Enquanto esperava me diverti olhando as pessoas. O que vai tomar? — Preciso de uma bebida forte. Acho que uísque e soda. Laura a olhou, espantada. Grace não costumava beber nada forte, ainda mais de dia. — Como foi? Muito ruim? — Pior. — Grace tentou sorrir. — Quer… conversar? — Não vou conseguir agora. Se eu falar vou começar a chorar e acho que aqui não é o lugar. Nem a hora. Laura tocou o braço da amiga, afetuosamente. — Quando quiser desabafar sabe que pode contar comigo; qualquer dia, qualquer hora. — Obrigada, Laura. Sei que é minha amiga. Desculpe mais uma vez por tanta atrapalhação. — Não vamos falar mais nisso. Que tal a gente pedir o almoço? — Não vou conseguir engolir nada. Meu Deus, como tudo isso é ridículo! Sei melhor que ninguém que meu casamento está acabado, sei que quero o divórcio. Então, por que estou tão mal? Laura, não deixe que eu estrague seu almoço. Coma você, enquanto conversamos. — Também não tenho fome, Grace. — E se tomarmos então mais alguma coisa? Podemos ficar bebendo a tarde toda. — Perca as esperanças. Eles nos enxotam daqui, assim que perceberem que não vamos almoçar. Laura sentia-se esquisita. Estava preocupada com Grace e também com o que sentira ao ver o rapaz moreno de olhos cinza. Só de olhá-lo tinha ficado perturbada, e isso nunca lhe havia acontecido. Sua vida era tão calma que um acontecimento desses era um verdadeiro fenômeno, Procurava os cigarros na bolsa quando perceb ...

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