Livro: Além da promessa Página 2

... Sempre soubera que Mary a desprezava por ser mais interessada em livros que em conversar com os rapazes e moças que desfrutavam da corte dos Tudor. — Mas o que Oliver pensará quando voltar para casa e descobrir que você está casada com outro, um homem velho o suficiente para ser seu pai? — ela perguntou. Mary tinha uma resposta pronta para isso, ela parecia ter resposta para tudo. — A opinião dele não lhe diz respeito. Ele deve ter se divertido bastante com várias damas na França e na Itália, portanto dificilmente ficará surpreso ao descobrir que eu mudei de idéia. Terá de se contentar com alguém de sua mesma condição e se estabelecer com a esposa no campo. Sabe querida irmã, já que está tão preocupada por eu ter mudado de idéia quanto a Oliver, por que você mesma não se casa com ele? A vida em uma pacata aldeiazinha lhes serviria perfeitamente. Os olhos de Penélope encheram-se de lágrimas. Era inteligente o suficiente para saber que Mary não se importava muito com ela, mas servir-lhe de objeto de escárnio e zombaria era mais do que podia suportar. Era inútil apelar para seu senso de honra já que era notório que Mary não possuía nenhum. Mas Penélope lembrava-se bem do dia, três anos atrás, que Oliver passara com elas antes de partir de viagem para a Europa no grupo de Harry Grantly. Por tudo o que ele tinha dito e feito, tinha certeza de que Oliver presumia que Mary esperaria por ele. Lembrava-se, contudo, de mais uma coisa, algo que pouco lhe importara na época, uma vez que tinha apenas 14 anos enquanto Mary já tinha 18. Ele quisera falar com o pai dela, pedir que ficassem formalmente noivos antes que ele partisse, mas Mary fizera objeção. — Haverá tempo para isso quanto voltar — ela dissera. Será que ela já sabia que o primo de seu pai estava gravemente doente, que quando ele morresse não mais seriam pobres e depreciados? Uma coisa era aceitar o pedido de Oliver Woodville por ele ter uma herança razoáv ...

l, mas continuar leal a ele mesmo quando o destino lhe oferecia a oportunidade de entrar para uma família importante era algo bem diverso. Nada que dissesse faria Mary mudar de idéia, então talvez fosse melhor não dizer mais nada. Pobre Oliver! Que surpresa desagradável encontraria quando voltasse. Era melhor não pensar nisso também. Para esconder sua aflição, Penélope andou vagarosamente pela sala, cuja beleza não lhe despertava prazer algum. Ao contrário de Mary, desejava estar no adorável solar que fora seu lar até que a herança que o pai recebera dois anos antes tivesse mudado suas vidas. A mente de Mary, no entanto, já se ocupava de coisas mais importantes. — Papai quer falar conosco da coroação da rainha Elizabeth, que será realizada assim que sua irmã Mary falecer, o que não deve demorar. Certamente seremos convidados para a cerimônia na abadia de Westminster já que estou para casar com Lorde Castleford. É importantíssimo que estejamos todos maravilhosos. Mamãe já está encomendando nossas roupas e organizando uma visita às joalherias. Ela olhou Penélope de cima a baixo, de modo bem crítico. — Ela dificilmente conseguirá fazer com que você não pareça alguém do povo, o que é péssimo, mas não podemos fazer nada senão tolerar sua aparência. O que mais ela pretendesse dizer sobre a falta de presença e atrativos de Penélope foi interrompido por uma batida na porta e pela entrada do mordomo dos Jermaine, John Brewster, carregando o bastão branco de seu novo cargo. — Senhoritas — ele anunciou pomposamente —, seu pai as aguarda no salão principal. Tem novidades para vocês. Por favor, tenham a gentileza de me acompanhar imediatamente. Penélope mal pôde conter uma risadinha desrespeitosa. Uma das poucas coisas que a divertiam em sua nova vida era a maneira com a qual Brewster se transformara de lacaio desajeitado em criado obsequioso, cujos modos eram apropriados à corte da futura rainha. Elas o seguir ...

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