Livro: Um Homem sem Coração Página 2

... u mundo, decidida a não mendigar a ami¬zade ou o amor de ninguém. Antes de mais nada, falta¬vam-lhe amigos e um homem que se interessasse por ela como pessoa, que desejasse conhecê-la profunda¬mente. Tentando mudar o rumo das coisas, ela chegara a trabalhar como secretária em Londres, onde as pes¬soas eram menos provincianas e as relações entre ho¬mens e mulheres pareciam mais soltas. Mas com a doen¬ça do tio voltara a Abbot\\\'s Meade, para cuidar dele, deixando para trás suas expectativas de mudar de vida e não ser encarada apenas como uma mulher bonita. Resultado: apegara-se ainda mais ao lugar, ficara ainda mais sozinha. Pensando nestas coisas todas, Brooke percebeu que começava a escurecer. Como não possuía carro e havia uma boa distância a percorrer entre a mansão e o chalé, achou melhor ir embora. Não estava nada divertido uma festa com pessoas que a encaravam como um bicho raro e a mantinham a distância. Pior: comemoravam a venda de uma propriedade que durante muito tempo fora o seu lar. — Adam, você está me ouvindo. Adam Henderson encarou o homem, desculpando-se. — Perdão, Bill, eu estava pensando em outra coisa. Um rápido olhar em direção à loira, que se encami¬nhava para a porta de saída, fez com que Bill Edwards franzisse a testa. Adam, o dono das Indústrias Henderson, aos trinta e cinco anos havia construído um verdadeiro império comercial de sua origem humilde. O pai morrera quando ele ainda era criança e a mãe trabalhava como faxineira para poder educá-lo. Bill o admirava e conhecia bastante, de modo que se preocupou com o olhar diri¬gido à loira, do outro lado do salão. Quando Adam se propunha a conquistar uma mulher não pensava em mais nada e com isso afetava inclusive o próprio anda¬mento dos negócios. — Quem é ela? — perguntou Adam. - Brooke Beauclere, a antiga proprietária de Abbot\\\'s Meade. — É mesmo? Ela não parece muito satisfeita. Quan¬to lhe pagamos pela propriedade? ...

�� Quase meio milhão de libras, mas havia uma hipoteca a ser liquidada. Também acho que a srta. Beauclere doou o resto do dinheiro ao hospital infantil da cidade, de modo que não deve ter ficado numa situa¬ção muito boa. — Ah! Mas com esse corpo, ela pode conseguir mui¬to mais do que meio milhão de libras! Bill não respondeu ao comentário mordaz. O amigo continuou, sem desviar os olhos de Brooke: — O que ela faz? — Nada. cuidou do tio até ele morrer, e antes disso trabalhava em Londres como secretária. — E era boa secretária? — Acho que sim. Conhece várias línguas, principal¬mente o francês. O pai dela era francês. Na saída, Brooke foi interceptada por seu procurador. Sam insistiu em que ela tomasse mais um copo de vinho: — Já vai embora? Fique mais um pouco, quero lhe falar sobre a doação ao hospital. — Sam, não vou mudar de ideia. As crianças precisam de dinheiro muito mais do que eu. Tenho o chalé e posso me virar muito bem. — Você por acaso já pensou onde poderia encon¬trar um bom trabalho por aqui? Estamos numa cidade pequena, e você é uma mulher com muita capacidade. — Mas Sam, eu não desejo muito. Estou satisfeita aqui. — Talvez esteja satisfeita agora, mas como será daqui a cinco anos? Pretende ficar solteira para sempre? —É. realmente Londres é melhor para eu caçar um marido. . — ela ironizou. — E se eu não fizesse a doação ao hospital, então, poderia até comprar um, não acha? Alguém chamou o procurador. Vendo-se sozinha, Brooke esvaziou o copo de vinho no vaso mais pró¬ximo. Quando acabava de fazer isso, viu Adam Henderson se aproximando. À pequena distância, ela era ainda mais atraente. Os olhos cinzentos de Adam a estuda¬vam e ele sorria com insolência. — Por que fez isso? — perguntou Adam, apontan¬do para o vaso. — Sou uma alcoólatra em fase de recuperação e não posso beber nada — respondeu ela, irônica. Por um momento ele pareceu perplexo. Depois ...

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