Livro: Amargo retorno

... Elizabeth Oldfield Bianca 222 Título original: “Beloved Stranger” Publicado originalmente em 1983 pela Mills & Boon Ltd., Londres, Inglaterra Tradução: Nina Horta Copyright para a língua portuguesa: 1984 Abril S.A. Cultural — São Paulo Esta obra foi composta na Linoart Ltda. e impressa na Divisão Gráfica da Editora Abril S.A. Foto da capa: Apla As árvores agitavam os galhos à passagem do carro que Judith dirigia pela estrada estreita. O mar azul da baía de Penang aparecia de vez em quando através das palmeiras e dos arbustos coloridos. Mas nem a brisa da manhã e a visão daquela paisagem repousante conseguiam acalmá-la. A chegada do marido, depois de um ano de separação, havia sido traumatizante. Era uma outra Judith que abraçara Linc a noite passada, e ele mesmo um outro homem, desgastado pelas violências que sofrera. Se ela ainda amava aquele homem rude e distante em que se transformara seu doce e querido Linc, não sabia mais. Não sabia nem ao menos se valia a pena dar uma segunda chance para aquele casamento arrasado, a chance merecida por todo um passado de felicidade e amor em comum… PROJETO REVISORAS Este livro faz parte de um projeto sem fins lucrativos. Sua distribuição é livre e sua comercialização estritamente proibida. Cultura: um bem universal. Digitalização: Palas Atenéia Revisão: Luciane CAPÍTULO I — Ei, Jude, que correria é essa? O barulho seco dos saltos altos, que atravessavam o mezanino de mármore, cessou de repente. Judith Cassidy tirou os óculos escuros e virou a cabeça rapidamente, fazendo seus cabelos loiro-acinzentados caírem-lhe sobre um dos ombros. — Não me chame de Jude — pediu ela. O rapaz olhou-a, desapontado: — Linc chama, ou melhor, chamava… Ela franziu a testa ao perceber a mudança no tempo do verbo, mas deixou passar. — Só Linc — retrucou. Ele deu de ombros, sorrindo com aquele seu ar de garoto americano e Judith cedeu. Não er ...

justo querer que Wayne agüentasse seu mau humor, afinal, ele não era responsável pela tensão que martelava suas têmporas, cada vez mais violentamente, à medida que os dias se passavam. Desculpe-me — disse ela. — Tenho andado muito nervosa. Acho que você tem o direito de externar seus sentimentos, querida. Grite ou tenha chiliques — brincou ele, olhando-a com ternura. Esse tipo de demonstração em público não faz meu gênero, você sabe muito bem disso — replicou a jovem, contundente, pondo um ponto final naquela conversa. Guardou os enormes óculos escuros na bolsa a tiracolo, e ambos retomaram o caminho pelo corredor do Shopping Center. Agora, o brilho forte do sol tropical e o calor úmido haviam sido deixados para trás, além das portas de vidro do Sentosa Country Club. Aqui, no frescor do ar-condicionado, havia um mundo diferente; um mundo de contida elegância, que tudo fazia para agradar aos viajantes internacionais, ricos o bastante para se hospedarem no hotel mais luxuoso da ilha de Penang, na distante Malaísia, ao sudeste da Ásia. Ali o suor não escorreria pelas costas, nem os pernilongos ousariam azucrinar os ouvidos. O contraste entre o mundo real, lá fora, com os escaldantes kampungs, e o estilo de vida sofisticado dos turistas sempre a intrigava. — Por que a pressa? — repetiu Wayne Templeton, tentando acompanhar os passos rápidos dela. — As lojas ainda estão todas fechadas. — Butiques — corrigiu ela, recuperando sua calma usual. — É um termo mais moderno do que “lojas”. Ele sorriu. — Que seja, butique então, se você prefere. E com uma mulher também moderna à testa da seção de antigüidades! — Muito grata, meu caro senhor — disse ela, sentindo-se ao mesmo tempo envaidecida e pouco à vontade. Desviou o rosto, então deliberadamente, para evitar aquele olhar cinzento e íntimo. Fingiu-se interessada em apreciar as vitrinas, repletas de artesanato em couro, diamantes, roupas da moda, e relóg ...

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