Livro: A Vendedora de Ilusões Página 2

... a se retirou e Cynthia, por delicadeza, elogiou Mildred pelos bolinhos e salgadinhos. - Não fui eu quem fiz - Mildred explicou, naquela voz estridente. - Kate é nossa cozinheira, além de governanta. Não sei o que faria sem ela, Warren é tão exigente com a comida, que eu jamais poderia satisfazê-lo. - Ainda cozinha tão bem quanto antes, Cynthia? - A pergunta de Warren tirou aquele ar de afetação do rosto da esposa. - Eu me lembro com saudades da comida que costumava preparar para mim, nos velhos tempos. - Pergunte ao meu marido ou à minha filha. Sou suspeita para falar. - Como todo verdadeiro artista, tem dificuldades em julgar a própria obra, não é mesmo? Mildred não estava gostando nada daquela conversa, como se podia notar pela sua expressão de aflição. 7 Mal haviam terminado e ela se apressou em juntar as xícaras e pratos, colocando-os ruidosamente sobre o carrinho. Depois sentou-se num canto do sofá, o mais longe possível do marido, que parecia não se preocupar com ela e comentou com Juliet. - Se sua mãe tivesse casado comigo, seria a dona de tudo isto. E herdaria uma considerável fortuna. - Warren, não me arrependo de nada do que fiz - Cynthia respondeu. -- Sou muito bem casada para deixar que pensamentos dessa natureza me perturbem. Ele sorria como se não acreditasse muito no que ouvia e, novamente, falou com Juliet: - Suponho que saiba que já fomos noivos e que ela terminou tudo por causa da minha ambição. Não gostava do modo como conduzia os negócios e me acusava de ser cruel e inflexível. Só que foi sua mãe quem partiu meu coração. - Meu querido Warren - Cynthia disse gentilmente, numa voz muito feminina -, vamos encarar a coisa sob um outro ângulo: naquela época você não tinha coração. E, para ser honesta, duvido que tenha um, senão como poderia ter juntado essa fortuna da qual é tão orgulhoso? Ninguém consegue enriquecer sem pisar nos outros. A risada que se ouviu encheu a sala. Warren pare ...

ia se divertir às próprias custas. - Puxa, continua a mesma, hein? Eu me lembro das discussões violentas que costumávamos ter. Será que Juliet pensa como você? - É claro que tem coração, sr. Major. Não estaria vivo se não tivesse, não é? - Juliet interviu, depressa. - Bem, agora proponho que falemos sobre negócios - Drew interrompeu bruscamente. - Õtima ideia! Por que não a leva para dar uma volta, Drew? Você é quem dirige a firma, nada mais justo que faça as perguntas. Pouco depois, já no jardim, Drew observou com ironia: - Pode se sentir honrada, srta. Bourne, por ser entrevistada pelo diretor, e não pelo chefe do departamento pessoal, como é de praxe. Para começar, diga-me, já teve alguma experiência no comércio? - Nenhuma. Talvez não ache nenhuma atividade para mim na sua firma. - É a primeira vez que vejo uma candidata tão pessimista. - É apenas uma questão de honestidade. Veja bem, no momento estou estudando artes. - Hum. . . pode ser útil. Por acaso faz algum trabalho na faculdade? - Ao ver que Juliet estava indignada com a pergunta, esclareceu: - É que ouvi dizer que a única coisa que estudantes de arte aprendem é como fazer amor e como arrumar encrencas. Na verdade, gostaria de saber por que sua mãe resolveu deixar o orgulho de lado e pedir ajuda justamente ao homem que recusou para marido. - Não acho que seja relevante no caso. Se não tem um emprego para me dar, por favor, fale sem rodeios e o assunto fica encerrado, está bem? - Não está sendo justa. Todo empregador tem o direito de se informar sobre o candidato, especialmente num caso como esse, quando ele vem nos procurar atrás de um emprego que nem existe. - Quer dizer que não tem mesmo nenhum emprego disponível? - De uma certa forma, é isso. - Bem, não esperava nenhum tipo de proteção - ela suspirou, resignada, virando-se em direção à mansão. - Acho que podemos entrar. Drew pegou-a pelo braço, obrigando-a a virar-se para ele. - ...

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